Ciências

Anelídeos

Os anelídeos (annelus = anel) são animais invertebrados, pertencentes ao filo Annelida. Eles possuem o corpo alongado e cilíndrico, com inúmeros anéis pelo corpo, daí o nome anelídeo. É possível notar a segmentação do corpo mesmo externamente, através dos anéis.

São encontrados em ambientes de água salgada ou doce e também em ambientes úmidos. Os animais mais conhecidos do grupo são as minhocas e as sanguessugas, mas existe outro grupo com grande número de espécies: os poliquetos.

Quais as classes dos anelídeos?

A classificação tradicional dos anelídeos em três classes tem sido revista (Polychaeta, Oligochaeta e Hirudinoidea) e uma nova proposta considera somente duas classes: Polychaeta e Clitellata. Os Polichaetas são representados pelos poliquetos e os Clitellatas, pelas minhocas e sanguessugas.

Minhoca no solo

Os anelídeos podem viver em ambiente marinho, de água doce e terrestre (Foto: depositphotos)

Classe Polychaeta

Poliquetos

Apesar de serem encontrados principalmente em ambientes marinhos, os poliquetos (poli = muitas; chaeta = cerda) também ocorrem em água doce e mais raramente no ambiente terrestre úmido.

Algumas espécies vivem rastejando pelo fundo do oceano a procura de animais para se alimentarem, outras vivem enterradas nas praias e se alimentam de larvas ou de outros pequenos organismos.

Os poliquetos possuem grande quantidade de projeções laterais chamadas de parapódios, onde estão inseridas muitas cerdas. Alguns deles apresentam respiração cutânea, como as minhocas [1], enquanto outros possuem brânquias.

Entre os poliquetos há grande diversidade de formas e de hábitos alimentares. Existem poliquetos que a região anterior é desenvolvida, com estruturas sensoriais, como olhos e tentáculos.

Existem também poliquetos sedentários, isto é, que vivem fixos ao substrato, porém, com alguma mobilidade. Geralmente apresentam grande diferenciação de tentáculos e outras estruturas peculiares relacionadas com a obtenção de alimento e mesmo com as trocas gasosas.

Reprodução

Os poliquetos em geral são de sexos separados e podem ter diversos padrões reprodutivos. Apresentam como regra a reprodução sexuada e fecundação externa. O desenvolvimento é indireto, passando por fase larval. Em alguns casos, pode ocorrer reprodução assexuada.

Veja também: Piolho de cobra: características, veneno e fotos [2]

Classe Clitellata

O nome Clitellata se refere a presença de clitelo, estrutura relacionada com a reprodução sexuada desses animais, cujos representantes mais conhecidos são as minhocas e as sanguessugas.

Reprodução

O clitelo é uma série de segmentos (anéis) do corpo em que a epiderme é espessa (grossa), rica em glândulas. Secretam muco, importante na cópula, a albumina, importante na nutrição dos embriões, e o casulo, onde os ovos e a albumina são depositados.

Os zigotos se desenvolvem dentro do casulo e dele surge os jovens. O desenvolvimento é direto. É no clitelo que se abre o poro genital feminino.

Os Clitellata são hermafroditas e apresentam fecundação cruzada mútua. Não têm parapódios e as cerdas são em número reduzido ou ausentes. Os dois grupos de Clitellata são: Oligochaeta e Hirudinoidea.

Minhocas (Oligochaeta)

Os oligoquetos receberam esse nome por terem poucas cerdas no corpo (oligo = poucos; chaeta = cerdas). Seu principal representante é a minhoca. Os oligoquetos não apresentam olhos, com exceção de algumas formas aquáticas, cujos olhos são reduzidos.

As minhocas são conhecidas por respirarem através da pele, essa forma de respiração é chamada de respiração cutânea, por esse motivo sempre estão com a pele úmida. Medem aproximadamente de 5 cm a 2 m de comprimento, são encontradas enterradas em solos úmidos.

Outros vivem em ambientes de água doce, como o Tubifex, um gênero com representantes resistentes à poluição orgânica. Existem também algumas poucas espécies marinhas.

O maior representante dos oligoquetos é o minhocuçu, que chega a ter 2 m de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Essa espécie de minhoca gigante ocorre no Brasil e está ameaçada de extinção.

Qual a importância das minhocas?

As minhocas são muito importantes para a natureza, pois auxiliam no processo de decomposição da matéria orgânica, escavam túneis que facilitam a oxigenação das raízes das plantas e suas fezes servem de adubo para o solo.

Veja também: Anfíbios [3]

Elas costumam passar o dia nas tocas e quando anoitece saem para se alimentar e acasalar.

Várias minhocas enroladas

As minhocas auxiliam no processo de decomposição da matéria orgânica (Foto: depositphotos)

As minhocas que vivem em galerias dentro de solos úmidos são geralmente detritívoras, ou seja, elas ingerem o próprio solo e aproveitam a parte orgânica para sua nutrição. À medida que a minhoca vai se alimentando, as galerias no solo vão se estendendo.

Na agricultura

O comportamento das minhocas é reconhecido há milênios como importante para a atividade agrícola. Ao ingerir e digerir detritos orgânicos, as minhocas quebram as partículas orgânicas do solo em outras menores, que são liberadas nas fezes.

Desse modo, facilitam a ação das bactérias e fungos decompositores presentes no solo, acelerando o processo de decomposição.

Sem a atividade das minhocas, a transformação dos compostos no solo seria bastante lenta e haveria perda de nutrientes. As fezes das minhocas contribuem para a formação do húmus, importante na fertilização do solo.

Onde utilizar o húmus?

O húmus de minhoca pode ser utilizado em paisagismo, floricultura, fruticultura, horticultura, viveiro de mudas e agricultura em geral, além de auxiliar na revitalização de terras pobres em nutrientes.

Sanguessugas (Hirudinoidea)

Os hirudíneos são popularmente conhecidos por sanguessugas. O tamanho desses animais varia de 0,5 a 30 cm de comprimento, dependendo da espécie. Possuem o corpo achatado dorsoventralmente e duas ventosas: uma na região anterior do corpo, ao redor da boca, e outra na região posterior, com a qual se fixam ao substrato.

As sanguessugas podem ser encontradas em ambientes de água doce e a outra parte da espécie pode ser encontrada em pântanos e brejos.

Elas se alimentam de sangue de animais vertebrados, por isso o nome sanguessugas. Também apresentam respiração cutânea.

Diferentemente das outras duas espécies, as sanguessugas não apresentam cerdas e nem parapódios, apenas duas ventosas nas extremidades, que servem para sua locomoção e fixação.

Com a ajuda das ventosas, a sanguessuga fixa-se à sua vítima e perfura sua pele sem provocar nenhuma dor. Ao sugar o sangue, suas glândulas salivares produzem uma substância, a hirudina, que impede a coagulação do sangue.

Com isso, elas conseguem ingerir enormes quantidades de sangue, chegando a aumentar seu próprio peso em dez vezes. O sangue é ingerido lentamente, o que faz com que esses animais passem longos períodos de tempo sem se alimentar.

Hoje em dia essa substância anticoagulante é utilizada no processo de tratamento da trombose. Esse animal também é muito utilizado em algumas cirurgias, servindo para retirar o sangue acumulado.

Veja também: Animais invertebrados [4]

A reprodução dos anelídeos

Os anelídeos são hermafroditas. Cada animal possui os dois sistemas reprodutores, o masculino e o feminino. Na hora da reprodução, utilizam a fecundação cruzada e recíproca, assim eles se cruzam e se fecundam mutuamente.

No acasalamento, dois indivíduos se unem de modo que o poro genital masculino de um coincida com os receptores do outro. Assim, os espermatozoides de um passam para o outro e vice-versa.

Após a eliminação dos espermatozoides, os animais se separam. Ao redor do clitelo de cada um deles inicia-se a formação de um casulo, dentro do qual se juntam os óvulos liberados pelo poro genital feminino.

O casulo contendo óvulos é deslocado por contrações da musculatura do corpo para a região anterior do animal, onde estão localizados os receptores contendo os espermatozoides do parceiro.

Ocorre então, a fecundação dos óvulos. Depois da fecundação, o casulo contendo os ovos é liberado e dele surgem indivíduos jovens semelhantes aos adultos. Não há estágio larval.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

VIEIRA, Ricardo Quintão; CAVERNI, Leila Maria Rissi. Sangrias por flebotomia, ventosas sarjadas e sanguessugas: atribuições técnicas das enfermeiras brasileiras (1916-1942). Hist. enferm., Rev. eletronica, v. 6, n. 2, p. 234-48, 2015.

ERSÉUS, Christer; KÄLLERSJÖ, Mari. 18S rDNA phylogeny of Clitellata (Annelida). Zoologica Scripta, v. 33, n. 2, p. 187-196, 2004.