Por Prof. Nathália Duque em 13/03/2014 (atualização: 17/12/2018)

Os anfíbios são animais vertebrados que possuem uma característica bem interessante: quando nascem, são seres aquáticos, que possuem caudas e brânquias.

Porém, depois de algum tempo de vida sofrem uma metamorfose (explicação sobre este fenômeno no final do texto) e se transformam em animais terrestres, com patas e narinas. Um exemplo perfeito de anfíbio é o sapo, que quando nasce é um girino e só depois se torna um sapo.

O nome anfíbio tem origem em duas palavras gregas. Amphi = de dois lados; Bios = vida, ou seja, estes animais vivem em dois meio ambientes diferentes, o aquático e o terrestre. Porém, não vivem em qualquer ambiente aquático, mas só em águas doces. Por isso você não irá encontrar um anfíbio no mar.

Os anfíbios são seres pertencentes ao reino Animalia, ao filo Chordata e a classe Amphibia. Eles podem se agrupar em três ordens.

Ordens dos anfíbios

São três ordens existentes de anfíbios: Gymnophiona, Urodela e Anura.

Sapo

Os sapos pertencem a ordem dos anuras (Foto: depositphotos)

Ordem Gymnophiona

Os anfíbios desse grupo têm o corpo alongado, vermiforme e são ápodes, isto é, sem pernas. Vivem enterrados ou em ambientes aquáticos de regiões tropicais. São chamados boiacicas, cecílias ou ainda, cobras-cegas. Este último refere-se a presença de olhos vestigiais, às vezes recobertos por um membrana.

A fecundação é interna. O macho tem um órgão copulador que é introduzido na fêmea. As fêmeas de algumas espécies depositam ovos, protegendo-os até sua eclosão. Surgem as larvas, com brânquias, que sofrem metamorfose e dão origem aos adultos.

Em muitos casos, o embrião se desenvolve dentro da fêmea e o indivíduo já nasce formado.

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Ordem Urodela

A ordem Urodela (uros = cauda) está representada pelas salamandras, anfíbios de corpo alongado, com quatro membros usados na locomoção e cauda.

Algumas espécies de salamandra retêm características das larvas no adulto, vivendo toda a vida no ambiente aquático e respirando por brânquias externas. É o caso, por exemplo, do axolotle e do necturo.

Na maioria das espécies a fecundação é interna, mas não existe um órgão de cópula. Há um complexo comportamento de acasalamento entre machos e fêmeas que varia entre as diferentes espécies.

Em uma delas o macho deposita um “pacote” de espermatozoides sobre o corpo da fêmea, segura-a com a cauda e com o auxílio das pernas, empurra o “pacote” para dentro da fêmea (cloaca).

Existem espécies em que a fêmea deposita os ovos próximo ou dentro da água. Dos ovos eclodem larvas com brânquias externas que sofrem metamorfose, dando origem ao adulto.

Ordem Anura

A ordem Anura (a = sem; uros = cauda) está representada por anfíbios sem cauda: os sapos, as rãs e as pererecas. Esses anfíbios apresentam o corpo adaptado ao salto, com membros posteriores mais alongados que os anteriores e empregados para impulsionar o animal.

O corpo é compacto, com coluna vertebral curta e rígida. Muitas das espécies apresentam fecundação externa e girinos no ciclo de vida.

Algumas espécies são arborícolas, ou seja, vivem em pequenos arbustos e sendo assim, depositam seus ovos em folhas de árvores suspensas sobre a água. Dos ovos eclodem os girinos, que caem na água, onde completam o desenvolvimento.

Outras espécies fazem um ninho de espuma: durante a fecundação o macho utiliza suas pernas anteriores para abraçar a fêmea, as fêmeas produzem uma secreção abundante, que o casal transforma em espuma movimentando as pernas posteriores. Os ovos são depositados nessa massa de espuma e quando eclodem os girinos, caem na água.

Os 3 grupos de anfíbios

  1. Sapos, rãs e pererecas: esses possuem quatro patas, corpo curto e não possuem cauda.
  2. Cobras-cegas e cecílias: o corpo é alongado e não possuem patas. A aparência lembra uma cobra, porém, não possuem escamas.
  3. Salamandras: tem o corpo alongado, quatro patas e cauda. A aparência lembra uma lagartixa, mas assim como o grupo acima, diferenciam-se dos répteis porque não possuem escamas.
Salamandra preta e amarela

As salamandras pertencem a ordem das urodela (Foto: depositphotos)

Características

  • O corpo dos anfíbios possui uma pele lisa, fina e úmida. Não possui nenhuma escama como os répteis e peixes ou pelos como os mamíferos.
  • A temperatura do corpo dos anfíbios varia de acordo com a temperatura do ambiente em que eles estão. Se estiverem dentro de uma água gelada, sua temperatura corporal será baixa; se estiverem em um lugar muito quente, sua temperatura corporal será elevada.
  • Eles se alimentam de pequenos insetos, como moscas e mosquitos, além de aranhas e minhocas. Podem comer também pequenos mamíferos ou até mesmo outros anfíbios.
  • Esses animais costumam viver em lugares úmidos e próximos a água, como lagos e rios.
  • Apesar de possuírem pulmões, os anfíbios respiram muito mais pela pele do que pela narina e por isso eles precisam estar com a pele sempre úmida. Isso é chamado de respiração cutânea.
  • É na água que os anfíbios depositam seus ovos, pois seus filhotes, no início da vida, precisam estar dentro da água o tempo inteiro.

O que é metamorfose?

A metamorfose é um fenômeno da natureza em que um ser vivo sofre alguma alteração física e transforma-se, ganhando uma aparência nova e diferente. Assim como os girinos se transformam em sapos através da metamorfose, as lagartas se transformam em borboletas.

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Impactos sobre anfíbios

As populações de anfíbios estão diminuindo no mundo todo em ritmo superior ao de outros vertebrados. Mais de 30% de todas as espécies de anfíbios encontra-se na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), sendo que muitas estão listadas como “em perigo”.

As mudanças climáticas afetam diretamente o metabolismo desses animais, modificando, por exemplo, o tempo de metamorfose, a comunicação entre os animais (vocalização), alterações no canto e consequentemente na identificação dos parceiros sexuais.

A distribuição geográfica das espécies de anfíbios é também amplamente afetada pela temperatura. Na Mata Atlântica, por exemplo, as alterações climáticas futuras resultarão em mudanças nas áreas de distribuição de muitas espécies de anfíbios.

Isso é algo muito preocupante, pois os anfíbios são hoje os vertebrados mais ameaçados do planeta.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

HADDAD, Célio FB; GIOVANELLI, João GR; ALEXANDRINO, João. O aquecimento global e seus efeitos na distribuição e declínio dos anfíbios 11. Dimensão Zoológica. Departamento de Zoologia, IB, UNESP, 2008.

MALAGOLI, Leo Ramos. Diversidade e distribuição dos anfíbios anuros do núcleo Curucutu, Parque Estadual da Serra do Mar, SP. 2013.