Animais endotérmicos e ectotérmicos

Muitos animais respondem às variações de temperatura de forma comportamental e, por isso, foram classificados em ectotérmicos e endotérmicos.

Um lagarto, por exemplo, pode aquecer-se ao sol se a temperatura corporal cair ou ir para a sombra se ela aumentar muito.

Isso significa que ele pode, pelo seu comportamento, controlar até certo ponto as variações de temperatura.

Os animais ectotérmicos, assim como o lagarto, precisam de fontes externas para se aquecerem (Foto: Freepik)

Os ectotérmicos (do grego ektos = de fora), como muitos répteis, são aqueles que dependem do comportamento e de fontes externas de calor (o sol) para controlar sua temperatura.

Já os endotérmicos (do grego endon = interno), como as aves e os mamíferos, utilizam a energia de seu metabolismo para regular a temperatura corporal, ou seja, não dependem de fontes externas.

Popularmente, os animais endotérmicos são chamados de animais de sangue quente e os ectotérmicos, de animais de sangue frio.

Diferença entre os animais endotérmicos e ectotérmicos

Os animais de sangue quente são as aves e os mamíferos, também chamados de animais endotérmicos, e os animais de sangue frio são conhecidos por animais ectotérmicos.

Esse recurso que os animais apresentam tem como objetivo controlar a temperatura corporal, e é chamado de mecanismos termorreguladores.

Animais endotérmicos

Os animais de sangue-quente, como o urso, conseguem manter a temperatura do corpo (Foto: Freepik)

Os animais endotérmicos conseguem elevar a temperatura de seu corpo, fazendo com que ela se mantenha constante a partir de alguns mecanismos internos, ou seja, o próprio animal consegue controlar sua temperatura.

É a endotermia que permite que alguns desses animais possam botar ovos, por exemplo. As aves e os mamíferos são animais endotérmicos.

Os animais endotérmicos dependem da produção de calor pelo metabolismo para manter  a temperatura corporal. Portanto, se nos ectotérmicos a fonte de calor é externa, nos endotérmicos ela é interna.

Animais ectotérmicos

Os jacarés são exemplos de animais ectotérmicos, se aquecem no sol e se resfriam na água (Foto: Freepik)

Os animais ectotérmicos não conseguem regular a temperatura de seu corpo, sendo assim, eles precisam de fontes externas de calor para elevar e manter a temperatura corporal constante.

Esses animais costumam ficar em exposição ao sol ou em contato com superfícies quentes, como as rochas, para que possam obter o calor do meio ambiente e assim se aquecer. Quando muito aquecidos, eles geralmente procuram locais sombreados ou entram na água.

Os répteis, anfíbios, a maioria dos peixes e os animais invertebrados são os animais conhecidos como animais ectotérmicos.

A vantagem de ser um animal ectotérmico e um animal endotérmico

A vantagem de um animal ser ectotérmico está ligada a desvantagem de um animal ser endotérmico, ou seja, a demanda de alimento.

Os ectotérmicos não precisam de muito alimento para sobreviver, assim, podem viver em qualquer região, até naquela em que o alimento é escasso, como nos desertos.

Existem alguns animais endotérmicos que vivem no deserto, porém, os ectotérmicos predominam no local.

Dessa forma, esse animal é econômico energicamente. Porém, a ectotermia também apresenta uma desvantagem, a dependência de temperatura externa.

Já os animais endotérmicos possuem uma desvantagem que é óbvia: a necessidade constante de alimento. E a sua vantagem é quanto ao processo de temperatura corpórea, ou seja, a temperatura fica alta e constante, dessa forma favorece a atividade enzimática, fazendo com que esses animais tenham facilidade de habitar ambientes com climas mais frios.

Homeotérmicos e pecilotérmicos: termos antigos

Atualmente, os termos ectotérmicos e endotérmicos têm sido utilizados em substituição aos termos pecilotérmicos e homeotérmicos, respectivamente.

Os animais homeotérmicos além de aumentarem ou diminuírem a perda de calor pelo corpo de acordo com suas necessidades, também podem usar a energia liberada no metabolismo para regular sua temperatura.

A homeotermia refere-se à manutenção de uma temperatura corpórea constante, independentemente da temperatura do meio (do grego homoios = o mesmo; thermos = calor). As aves e os mamíferos eram considerados homeotérmicos.

Os animais homeotérmicos também são conhecidos como animais de “sangue quente”, pois são capazes de manter a temperatura do corpo constante, em torno de 37 ºC a 40 ºC, apesar das oscilações da temperatura ambiental.

A capacidade de manter a temperatura constante contribui para a adaptação desses animais aos mais diversificados habitats, uma vez que garante um desempenho metabólico ideal e contínuo.

A maioria dos outros animais não possui mecanismos fisiológicos tão eficientes quanto esse das aves e dos mamíferos.

Se a temperatura do ambiente cair muito, um sapo, por exemplo, fica inativo, pois parte do metabolismo será interrompida. Esses animais que não regulam metabolicamente a própria temperatura já foram considerados pecilotérmicos, poiquilotérmicos (do grego poikilos = variado) ou heterotérmicos.

A pecilotermia refere-se à variação na temperatura do corpo em função da temperatura do meio ambiente (pecilo = variável; thermos = calor). Os peixes, os anfíbios e os répteis eram considerados pecilotérmicos.

Conhecendo os ectotérmicos

Peixes

(Foto: Freepik)

Os peixes compreendem duas grandes classes: condrictes (peixes cartilaginosos) e osteíctes (peixes ósseos). Apresentam mandíbulas, são ectotérmicos, possuem respiração braquial.

Nos peixes ósseos, as brânquias são protegidas por uma placa situada atrás dos olhos, chamadas de opérculo. Nos peixes cartilaginosos, não há opérculo, sendo as brânquias descobertas.

Anfíbios

(Foto: Freepik)

Esses animais, que surgiram a partir dos peixes pulmonares, compreendem atualmente os sapos, as cobras cegas, as pererecas, as rãs, as salamandras etc. Apresentam pele úmida, intensamente vascularizada e pobre em queratina, uma proteína impermeabilizante.

A carência de queratina determina a presença de uma camada córnea (camada externa e morta de pele) reduzida, o que acarreta na baixa capacidade de defesa contra a desidratação. Por isso, esses animais geralmente não suportam climas extremos, vivendo restritos a ambientes úmidos e sombrios.

São ectotérmicos, isto é, apresentam temperatura corpórea variável de acordo com as oscilações térmicas do ambiente.

Répteis

(Foto: Freepik)

Os répteis constituem os primeiros vertebrados efetivamente adaptados para a vida terrestre. Surgiram a partir dos anfíbios. A Terra já conheceu formas gigantescas desses animais, como os dinossauros.

Hoje, a classe compreende crocodilos, jacarés, cobras e as tartarugas. Possuem órgãos respiratórios internos (respiração pulmonar), fato que também contribui para protegê-los contra a desidratação. São ectotérmicos.

Conhecendo os endotérmicos

Aves

(Foto: Freepik)

As aves são vertebrados originários dos répteis. Possuem visão e audição aguçadas, que favorecem o acesso a alimentos e o reconhecimento da espécie, principalmente para o acasalamento.

Encontram-se nas mais diversas formas de habitat, exibindo grande diversidade de hábitos alimentares.

São animais de “sangue quente” e essa capacidade de manter a temperatura constante contribui para a adaptação desses animais aos mais diversificados habitats, uma vez que garante um desempenho metabólico ideal e contínuo.

Assim como nos insetos, a capacidade de voo das aves contribuiu para a conquista de novos territórios, acesso a alimentos, fuga quando atacadas por predadores e o encontro de parceiros para acasalamento.

Mamíferos

(Foto: Freepik)

Podem ser encontrados nos mais diversos tipos de habitat, principalmente terrestre. Supõe-se que os mamíferos, assim como as aves, originaram-se dos répteis.

A principal característica desse grupo é a presença de glândulas mamárias, desenvolvidas nas fêmeas e que produz o leite destinado à alimentação dos filhotes.

São endotérmicos. O que contribui para a endotermia, entre outros fatores, a circulação rápida, a presença de pelos e de glândulas sudoríparas, além do tecido adiposo rico em gorduras sob a pele.

Exercícios resolvidos

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

» DE MATOS, Harumi Sakai1 Jorge Dias. Termorregulação: O Corpo e a Variação de Temperatura. 2005. Tese de Doutorado. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina.

» DE ABREU, Ana Paula Martinez. Fisiologia animal. 2009.

» Kleiber, M., von Bertalanffy, L., West, G., Brown, J. H., Enquist, B. J., Banavar, J. R., … & Rinaldo, A. Bioenergética e metabolismo animal-descrição técnica.