Por Débora Silva em 17/11/2016 (atualização: 28/11/2016)

Você deve se lembrar dos gêneros textuais, que são as estruturas utilizadas na composição dos textos, sejam eles orais ou escritos. Nós empregamos a língua em diversas situações de comunicação, não é mesmo? E, de acordo com o uso da língua, nós temos gêneros textuais diferentes.

Existem muitos tipos de gêneros textuais, como o artigo de opinião, carta, debate, relato de viagem etc. Ao conhecermos alguns deles, podemos perceber que são vários aqueles que nos possibilitam expressar a nossa opinião sobre determinado assunto, como a carta do leitor, o abaixo-assinado, a carta argumentativa, o manifesto e outros.

Neste artigo, nós vamos conhecer mais um: a carta aberta.

Aprenda sobre as características do gênero textual Carta Aberta

Foto: depositphotos

O gênero textual carta aberta

A carta aberta está inserida nos gêneros textuais nos quais prevalece o caráter argumentativo. A principal característica deste tipo de texto é expor em público as opiniões ou reivindicações sobre um determinado assunto.

O gênero textual carta aberta é diferente da carta pessoal, porque não trata de assuntos que dizem respeito apenas aos envolvidos (remetente e destinatário), como na carta pessoal, e sim ao coletivo, normalmente fazendo referência a um problema que interessa a todos e que precisa ser resolvido urgentemente.

O problema apontado na carta pode ter uma pessoa específica como destinatário, que tenha plenos poderes para solucionar a questão abordada, mas também pode ser enviada à população.

Geralmente, a carta aberta é veiculada nos meios de comunicação de maneira geral, incluindo os jornais, revistas, sites e redes sociais. Este tipo de texto pode ser utilizado como forma de protesto contra o problema em questão, como alerta e como meio de conscientização da população ou de alguém com certa influência, como um representante do governo, por exemplo.

A estrutura da carta aberta

A carta aberta é um texto em que prevalece a argumentação e costuma apresentar os seguintes elementos em sua estrutura:

  • Título – Deve conter o destinatário do texto, ou seja, o órgão ou a pessoa específica para a qual a carta é endereçada;
  • Introdução – Nesta parte, o emissor revela qual é o problema a ser resolvido;
  • Desenvolvimento – Aborda a análise do problema em questão, com a apresentação dos argumentos que fundamentam o ponto de vista do(s) emissor(es);
  • Conclusão – Geralmente, a conclusão solicita uma resolução para a questão abordada na carta aberta.

Exemplo de carta aberta

Confira a seguir um exemplo de carta aberta, disponível no site Amazônia para sempre:

CARTA ABERTA DE ARTISTAS BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA

Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.

Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.

Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.

Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semiabandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:

“A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”

Assim, deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal A INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA. JÁ!

É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história.

SOMOS UM POVO DA FLORESTA!

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas).