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Aprenda sobre as características do gênero textual Carta Aberta

Você deve se lembrar dos gêneros textuais, que são as estruturas utilizadas na composição dos textos, sejam eles orais ou escritos. Nós empregamos a língua em diversas situações de comunicação, não é mesmo? E, de acordo com o uso da língua, nós temos gêneros textuais diferentes.

Existem muitos tipos de gêneros textuais, como o artigo de opinião, carta, debate, relato de viagem etc. Ao conhecermos alguns deles, podemos perceber que são vários aqueles que nos possibilitam expressar a nossa opinião sobre determinado assunto, como a carta do leitor, o abaixo-assinado, a carta argumentativa, o manifesto e outros.

Neste artigo, nós vamos conhecer mais um: a carta aberta.

Aprenda sobre as características do gênero textual Carta Aberta

Foto: depositphotos

O gênero textual carta aberta

A carta aberta está inserida nos gêneros textuais nos quais prevalece o caráter argumentativo. A principal característica deste tipo de texto é expor em público as opiniões ou reivindicações sobre um determinado assunto.

O gênero textual carta aberta é diferente da carta pessoal, porque não trata de assuntos que dizem respeito apenas aos envolvidos (remetente e destinatário), como na carta pessoal, e sim ao coletivo, normalmente fazendo referência a um problema que interessa a todos e que precisa ser resolvido urgentemente.

O problema apontado na carta pode ter uma pessoa específica como destinatário, que tenha plenos poderes para solucionar a questão abordada, mas também pode ser enviada à população.

Geralmente, a carta aberta é veiculada nos meios de comunicação de maneira geral, incluindo os jornais, revistas, sites e redes sociais. Este tipo de texto pode ser utilizado como forma de protesto contra o problema em questão, como alerta e como meio de conscientização da população ou de alguém com certa influência, como um representante do governo, por exemplo.

A estrutura da carta aberta

A carta aberta é um texto em que prevalece a argumentação e costuma apresentar os seguintes elementos em sua estrutura:

Exemplo de carta aberta

Confira a seguir um exemplo de carta aberta, disponível no site Amazônia para sempre:

CARTA ABERTA DE ARTISTAS BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA

Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.

Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.

Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.

Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semiabandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:

“A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”

Assim, deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal A INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA. JÁ!

É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história.

SOMOS UM POVO DA FLORESTA!

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas).