História

Capitanias hereditárias: o que eram, mapa e nomes de cada uma

Em 1534, todo o território brasileiro era da coroa portuguesa. Nesse momento a coroa procurava uma forma de administrar a colônia e mantê-la sob seu domínio.

Para isso, implementaram a administração por capitanias hereditárias. Fizeram a primeira divisão territorial da América portuguesa e as distribuíram para os agentes de confiança do então imperador, Dom João III.

As capitanias vão ter um tempo de duração curto com a implementação do governo geral, em 1548.

O que eram as capitanias hereditárias?

Em 1500, uma frota portuguesa liderada por Pedro Álvares Cabral, aportou no Brasil [1], território, até então, desconhecido pelos portugueses.

O interesse da viagem era o caminho até a Índia, já que o comércio de especiarias era muito mais atrativo do que a expansão colonial. Então os portugueses ficaram poucos dias no litoral brasileiro e retomaram a sua viagem.

Exploração do pau-brasil

De 1500 até meados de 1530, o interesse de Portugal no território brasileiro se resumia a exploração de pau-brasil [2], uma árvore de tom avermelhado muito valiosa. Não existia o interesse de povoação e manutenção da colônia.

Os portugueses instalaram feitorias (pequenos alojamentos) no litoral brasileiro e exploraram a mão de obra indígena nesse processo de derrubada das árvores.

Ameaça francesa

Em meados de 1530, o poder português começou a ser ameaçado pelos franceses, como está declarado no Tratado de Tordesilhas. Seu território começou a ser invadido pelas frotas francesas, incluindo o Brasil.

Para garantir os interesses portugueses na América, Dom João III, o imperador vigente nessa época, percebeu que era importante manter o controle das terras com pessoas de sua confiança.

Controle das terras

Esse controle foi mantido através do desenvolvimento das capitanias hereditárias, um tipo de sistema administrativo.

Dom João III dividiu o território em 15 lotes de terra correspondentes a 14 capitanias hereditárias e nomeou os capitães donatários de cada capitania, uma espécie de governador investidor, já que o governo cederia cada lote para que o capitão o desenvolvesse.

As capitanias hereditárias são a primeira divisão do país como em cidades, com governadores. São hereditárias porque cada pedaço de terra seria gerido pelo capitão e depois pelo filho de capitão, passando como herança de família. Ou seja, terras passadas de pai para filho.

Nomes das capitanias hereditárias

Capitanias Hereditárias Capitães Donatários
Maranhão (lote 1) Aires da Cunha e João de Barros
Maranhão (lote 2)Fernando Álvares de Andrade
CearáAntônio Cardoso de Barros
Rio GrandeAires da Cunha e João de Barros
ItamaracáPero Lopes de Sousa
PernambucoDuarte Coelho
Baía de Todos os SantosFrancisco Pereira Coutinho
IlhéusJorge de Figueiredo Correia
Porto SeguroPedro do Campo Tourinho
Espírito SantoVasco Fernandes Coutinho
São ToméPero de Góis da Silveira
São VicenteMartim Afonso de Sousa
Santo AmaroPero Lopes de Sousa
SantanaPero Lopes de Sousa

Mapa

Capitanias Hereditárias

Foto: Reprodução

Donatários

Os capitães donatários tinham como dever todo o desenvolvimento econômico das suas capitanias, não cabendo a coroa portuguesa nenhum investimento.

A terra, no entanto, não era doada completamente ao capitão, ela era cedida através da Carta de Doação, que garantia a exploração exclusiva daquele território pelo capitão donatário e seus descendentes.

Em contrapartida, os deveres de desenvolvimento do donatário da região era feito através da Carta Foral.

O donatário era o maior poder da região, suas faltas só poderiam ser cobradas pelo rei. Não existia ninguém acima dele.

Obrigações

Como a época era de invasões de outros estrangeiros, era da maior importância que cada capitão construísse fortificações para proteger a capitania.

Esses capitães eram comerciantes ligados a coroa, que tinham ótimas relações com o rei, e que garantiriam a estadia de Portugal [3] nas terras americanas.

Fracasso das capitanias

Mesmo com todo o domínio da coroa portuguesa, as capitanias não foram bem-sucedidas. A maioria não chegou a ser explorada pelo seu capitão donatário.

Os motivos que levaram ao fracasso delas estão ligados a má administração, seja por inexperiência, ou pela falta de recursos investidos pela coroa, a falta de comunicação com a coroa e os ataques indígenas.

As capitanias que conseguiram ter sucesso foram as de São Vicente, comandada por Martim Afonso de Sousa, que desenvolveu um intenso comércio de indígenas escravizados.

E a Capitania de Pernambuco, reconhecida pela produção da cana-de-açúcar, comandada pelo capitão Duarte Coelho.

Fim das capitanias hereditárias

As capitanias foram criadas para serem as únicas formas de governo [4] da coroa no Brasil, e elas duraram até o século XVIII, no entanto, não como forma única de governo.

Em sua maioria, elas não deram certo, e logo a coroa portuguesa implementou um novo sistema de governo chamado Governo Geral.

Com esse novo controle, a coroa colocava um governador geral que centralizava todas as decisões, inclusive o das capitanias, tirando o poder máximo dos capitães donatários.

A capitania da Baía de Todos os Santos foi desfeita para virar capital do país pelo governador geral Tomé de Sousa, se tornando a cidade de Salvador, em 1549.

Curiosidades

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • As capitanias hereditárias foi a primeira divisão do Brasil.
  • Esse modelo administrativo foi adotada pela coroa portuguesa.
  • Sua finalidade era proteger e desenvolver os territórios.
  • O território foi repartido em 15 lotes.
  • As capitanias hereditárias eram governadas pelos donatários.

Exercícios resolvidos

1- Qual a finalidade da criação das capitanias hereditárias?
R: As capitanias hereditárias foram criadas com o fim de proteger as terras da colônia portuguesa e explorá-las.
2- Quais foram as atividades econômicas das duas capitanias que tiveram sucesso?
R: A capitania de São Vicente teve sucesso com a escravização e comercialização de indígenas e a capitania de Pernambuco introduziu o forte comércio e produção da cana-de-açúcar.
3- Qual foi a primeira capital do país e como ela foi criada?
R: Salvador foi a primeira capital do país, criada quando foi introduzido o sistema de governo geral e Tomé de Sousa extinguiu a capitania da Baía de Todos os Santos.
4- Quais foram os motivos do fracasso das capitanias?
R: O principal motivo foi a má administração e os ataques indígenas.
5- Quais eram os deveres dos capitães donatários?
R: Os capitães deveriam explorar as terras, ceder os lotes não usados, chamados de sesmarias, cobrar tributos deles, pagar 10% de tudo para a coroa, proteger as terras e investir nelas.

*Larissa Dutra é historiadora e professora, com formação pela UNESA do Rio de Janeiro.

Referências

» FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

» MELLO, Evaldo Cabral de. Uma Nova Lusitânia. In.: MOTA, Carlos Guilherme. Viagem Incompleta: a experiência brasileira. São Paulo: Editora Senac, 1999.