Por Prof. Nathália Duque em 24/05/2019

Ecossistema pode ser definido como o conjunto das relações existentes entre os seres vivos (comunidade biótica) e os fatores físico-químicos.

A comunidade biótica é representada pelos produtores, consumidores, decompositores e parasitas. Já os fatores físico-químicos ou comunidade abiótica são representados pelos nutrientes, gases, temperatura, água, umidade, e entre outros.

A Ecologia é o ramo da biologia que tem como unidade fundamental o estudo dos ecossistemas.

Quando pensamos em Ecologia, podemos associar uma ideia errônea de que essa ciência se preocupa apenas com os ambientes não urbanos. Há, no entanto, uma área dentro da Ecologia que se chama Ecologia Urbana.

Ecossistema natural e artificial

O ecossistema natural é aquele que se dá através das relações das comunidades bióticas e abióticas, ou seja, é o tipo de ecossistema que não sofreu interferência humana.

Peixes e tartaruga no fundo do mar

Os ecossistemas são divididos em natural e artificial, dependendo da interferência ou não do homem (Foto: depositphotos)

Já o ecossistema artificial é aquele que teve algum tipo de interferência do ser humano, como por exemplo, a criação de áreas de preservação ambiental, onde o homem tem um determinado controle sobre as espécies ali existentes.

Ecossistemas aquáticos

Os ecossistemas aquáticos são representados pelos oceanos, rios (lóticos) e lagos (lênticos). Neles, os seres vivos são classificados em três grandes categorias:

  • Plâncton: compreende organismos geralmente microscópicos que vivem em suspensão na coluna de água, sendo passivamente carregados pelas correntezas, como é o caso do fitoplâncton (algas) e o zooplâncton (protozoários e pequenos animais)
  • Nécton: compreende animais nadadores ativos que vivem na coluna de água, como é o caso de muitos peixes
  • Bentos: compreende organismos que vivem em contato com o substrato do fundo, de forma fixa, como os corais e as algas, ou de forma vágil, isto é, deslocando-se livremente, como os caranguejos.

Ecossistemas terrestres

As condições do clima, representadas principalmente pela temperatura média anual e pela pluviosidade média anual para grandes regiões continentais, propiciam o desenvolvimento e a manutenção de ampla variedade de ecossistemas terrestres.

Os ecossistemas terrestres são caracterizados por uma vegetação específica. Conjuntos de grandes ecossistemas com características vegetais semelhantes e suas relações macroclimáticas formam os biomas.

Dentro da área correspondente a um bioma, no entanto, podem ocorrer vários ecossistemas diferentes, dependendo das condições microclimáticas locais.

Falamos em microclimas quando queremos nos referir às condições climáticas presentes em uma área reduzida e que são diferentes das condições macroclimáticas, que são as que caracterizam uma área maior.

Assim, quando caracterizamos os biomas, estamos nos referindo à grandes áreas, mas dentro deles podem ocorrer outros ecossistemas com características distintas.

Biomas

O nosso planeta apresenta alguns grandes biomas, sendo eles: florestas tropicais, savanas, desertos, polar e altas montanhas, chaparral, campos, floresta temperada decídua, floresta de coníferas e tundra.

Vamos, agora, comentar brevemente a respeito desses biomas e depois abordaremos um pouco mais a respeito dos biomas brasileiros.

Florestas Tropicais e Savanas

Entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio encontra-se as Florestas Tropicais e Savanas. Ambos biomas ocorrem em regiões de clima quente, com temperaturas médias anuais altas e semelhantes, em torno de 21 ºC a 32 ºC.

Apesar disso, eles são diferentes em função da pluviosidade (quantidade de chuva). As Florestas Tropicais desenvolvem-se em locais de alta pluviosidade, já as Savanas, em baixa pluviosidade.

Assim, as Florestas Tropicais ocorrem em clima quente e úmido e as Savanas, em locais onde o clima é quente e seco.

Florestas Temperadas Decíduas e Florestas de Coníferas

As Florestas Temperadas Decíduas e as de Coníferas ocorrem no hemisfério Norte em regiões de clima mais frio. As Florestas Temperadas Decíduas ocorrem em locais com estações do ano bem definidas e temperaturas baixas.

Nesse bioma, a vegetação predominante perde as folhas no inverno, sendo assim, é chamada de decídua.

As Florestas de Coníferas ocorrem em locais onde as temperaturas são ainda mais baixas. A vegetação predominante dá nome ao bioma: coníferas. São os pinheiros e abetos. Essas plantas nunca perdem as folhas, mesmo no inverno mais rigoroso.

Desertos

Os Desertos ocorrem nos locais onde a pluviosidade média anual é muito baixa e a umidade do ar também. Em função disso, as temperaturas nos desertos variam muito ao longo das 24 horas do dia.

Durante o período em que há sol, as temperaturas são mais elevadas por causa do aquecimento do solo, mas à noite as temperaturas caem, pois a baixa umidade do ar não propicia a retenção de calor.

O deserto mais quente do mundo é o Saara. E os desertos mais frios são o de Gobi, na Ásia, e o da Patagônia, na Argentina. Nesses desertos, as temperaturas no inverno são negativas e pode haver neve.

Campos, Chaparral e Tundra

Os Campos também recebem o nome de Pradarias na América do Norte e Estepes na Ásia. Ocorrem em locais onde há verões muito quentes e invernos muito frios, com grandes variações de pluviosidade ao longo do ano. A vegetação predominante é formada por gramíneas.

O Chaparral ocorre em locais onde os verões são quentes e secos e os invernos, moderadamente úmidos e frios. A vegetação é arbustiva, com folhas perenes e duras.

A Tundra ocorre no hemisfério Norte próximo à calota polar (região de gelo permanente). O clima é muito frio e seco com apenas três meses do ano com temperaturas mais altas, mas que raramente ultrapassam os 10 ºC. A vegetação é herbácea e não há árvores ou arbustos.

Biomas do Brasil

Amazônia

A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta. Abrange nove países da América do Sul, a maior parte dela fica no Brasil. Nessa região o clima é quente e úmido. A temperatura média anual é de 28 ºC.

Dentro da imensa diversidade de plantas da Amazônia, destacam-se espécies que são importantes para a alimentação humana, como a castanheira, o guaraná, o cupuaçu, etc.

Mata Atlântica

Assim como a Amazônia, a Mata Atlântica também é uma floresta tropical, e ambas apresentam algumas características em comum.

A diferença mais expressiva entre elas está na topografia do terreno que ocupam: a Floresta Amazônica ocupa planícies e planaltos do interior do Brasil, enquanto a Mata Atlântica ocorre na região costeira, em planícies e montanhas como a Serra do Mar.

Manguezal

O Manguezal brasileiro desenvolve-se na região litorânea onde os rios desembocam no mar, desde o Amapá até Santa Catarina. Ele é extremamente importante, pois o local é “berçário” de grande número de animais marinhos.

Caatinga

A Caatinga ocorre principalmente em estados do Nordeste, ocupando cerca de 10% do território brasileiro. Há uma estação chuvosa e uma seca, com irregularidades frequentes.

A Caatinga tem cerca de 6 mil espécies de plantas descritas, muitas delas endêmicas (só ocorrem naquela região).

Cerrado

É o segundo maior bioma brasileiro. É considerado a savana tropical mais diversificada do mundo, abrigando cerca de 7 mil espécies de plantas. Uma das características marcantes das paisagens do Cerrado é a presença de árvores com tronco e galhos retorcidos.

Pampa ou Campo sulino

Considerado bioma apenas a partir de 2004, ocorre no sul do Brasil. A vegetação é herbácea, propícia à criação de gado, atividade muito comum na região. O Pampa é o segundo bioma mais devastado do país, o mais degradado é a Mata Atlântica.

Pantanal

A principal característica dessa região é a dependência de quase todas as espécies de plantas e animais em relação ao fluxo de água.

O Pantanal é a maior planície inundável do mundo e apresenta fauna muito rica. Abrange os estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, estendendo-se pela Bolívia e pelo Paraguai.

Ecologia Urbana

Alguns consideram as cidades como ecossistemas por estarem sujeitas aos mesmos processos que operam em sistemas silvestres.

Outros argumentam que, devido as cidades possuírem algumas características encontradas nos ecossistemas naturais, não podem ser consideradas ecossistemas verdadeiros, devido à influência do homem.

Cidade com árvores

Para alguns estudiosos, a cidade é considerada um tipo de ecossistema (Foto: depositphotos)

O fato é que se definirmos ecossistema como um conjunto de espécies interagindo de forma integrada entre si e com o seu ambiente, as cidades certamente se encaixam nessa definição.

As grandes cidades e outras áreas povoadas estão repletas de organismos. O construtor desses habitats artificiais é o homem, mas uma infinidade de outras criaturas aproveitam e se adaptam a esses novos habitats recém-criados.

Os organismos urbanos, incluindo o homem, também se relacionam com os outros organismos e essas interações podem ser estudadas, sob o ponto de vista conceitual, da mesma forma que relações ecológicas de ecossistemas naturais.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.