Por Prof. Larissa Dutra em 11/07/2014 (atualização: 28/05/2020)

As cidades-Estado da Grécia são o ponto de partida da nossa cultura ocidental. Muito do que aperfeiçoamos enquanto sociedade foi fundamentado nesses locais.

No entanto, cada uma delas possuíram características diferentes e essenciais, como Esparta e os seus guerreiros cidadãos.

Os espartanos eram reconhecidos principalmente pela militarização, por ter homens e mulheres fortes e prontos para a batalha. Mas existem outros aspectos da vida dos espartanos, como a sua total obediência ao Estado.

O que significa Esparta?

A cidade-Estado grega de Esparta tem uma origem lendária. Segundo essa história, o rei Lacedomon, filho de Zeus e da ninfa Taigete, teria conquistado uma terra na Península de Peloponeso, a esse lugar ele deu o nome de Lacedemônia, ou Lacônia, em sua homenagem; e a capital se chamaria Esparta, em homenagem a sua esposa.

Essa região foi dominada pelos dóricos (ou dórios), em 1000 a.C., que são a origem dos povos espartanos. Eles acreditavam que tinham descendência direta de Herácles, ou como conhecemos, Hércules, um herói grego.

Essa é uma sociedade extremamente militar, que formava guerreiros desde criancinha. Para nós, Esparta é sinônimo de guerra e força militar.

Mapa da cidade

Mapa de Esparta

Esparta estava situada ao Sul da Grécia, na região do Peloponeso (Foto: depositphotos)

Esparta fica na região da Lacônia, na Península de Peloponeso. Esse é o local com maior quantidade de terras férteis da região grega, situada entre dois rios.

O que favoreceu a agricultura espartana, que se tornou a única forma econômica de sobrevivência da cidade-Estado.

Sociedade e cultura em Esparta

Esparta carrega características militares muito profundas. Os espartanos eram levados de suas casas aos sete anos de idade para um tipo de escola-internato, gerido pelo Estado. Nesse local, cada criança era designada para um tutor mais velho que iniciaria as atividades de desenvolvimento físico e disciplina.

A liberdade em Esparta era pequena. Até os 17 anos o treinamento era intensivo, quando completassem 18 anos, para obterem o título de cidadão espartano, ou seja, aquele que pode ir à guerra, o jovem passava por um ritual.

Nele, o jovem deveria matar um de seus servos, se esse evento não fosse bem sucedido, o jovem deveria morrer pelas mãos do servo. Isso garantiria que ele não desonrasse Esparta na guerra.

Os espartanos se casavam aos 30 anos de idade. Nem antes, nem depois. Quem escolhe sobre o casamento também é o Estado.

Mulheres espartanas

As mulheres em Esparta tinham algumas regalias, diferente das outras cidade-Estado gregas. Elas podiam se exercitar como os homens, tinham maior abertura para sair e suas vestimentas eram reconhecidas por toda a Grécia como as menores e mais confortáveis.

Além do mais, a sua criação era voltada para a procriação de novos guerreiros e por isso elas eram as únicas que tinham direitos a honrarias no funeral, iguais as de um general morto em guerra, quando morriam no parto.

Política, economia e educação

A sociedade em Esparta era estamental, regida por fortes leis oligárquicas. O que significa que nessa sociedade não existia mobilidade social, enriquecimento e mudança de vida, apenas uma pequena elite oligárquica comandava a política.

Esparta foi fundamentada na guerra dos dóricos contra os mecênicos, que durou 30 anos. Quando os mecênicos perderam, foram transformados em servos, que é diferente de escravos. Servos são propriedade do Estado e não de uma pessoa. Não podem ser libertos e nem vendidos e são cedidos para os habitantes de Esparta.

A população de servos era tão grande que existia sete servos para cada espartano. Esse grupo de servos chamamos de hilotas, e eles são a base da sociedade espartana.

O topo da sociedade espartana é formado pelos esparciatas, ou espartanos, que são os guerreiros formados desde a infância.

No meio dessa pirâmide temos os periecos, comerciantes de produtos que não possuem terras. Esses eram extremamente mal vistos, por mais dinheiro que tivessem. Para os espartanos, a honra é proveniente da guerra e a economia mais digna é a que trabalha com a agricultura somente.

A política em Esparta é a duarquia, um reino com dois reis. As decisões eram tomadas por cinco anciãos chamados éforos, que eram eleitos em um conselho chamado Gerúsia, formado por 28 cidadãos com mais de 60 anos.

A forma de viver dos espartanos era totalmente controlada pelo Estado, baseada nas leis de Licurgo, um importante legislador que formulou em leis como deveria ser a vida ideal de um espartano.

A economia de Esparta era puramente voltada para agricultura.

Por que os espartanos eram tão fortes?

Espartanos lutando

Desde criança, os espartanos recebiam ensinamentos voltados para a batalha (Foto: depositphotos)

Os espartanos tinham treinamento militar e regras de alimentação desde criança. Isso fez com que desenvolvessem um tipo físico muito mais forte do que o normal na época.

A necessidade de serem tão fortes é porque se sentiam ameaçados o tempo todo, com o grande número de servos que sempre se rebelavam.

O fim de Esparta

Esparta é derrotada em uma batalha na Guerra de Peloponeso. Essa guerra é marcada pela primeira vez que os povos gregos se uniram. Atenas e Esparta, que viviam em conflitos, juntaram forças contra a invasão persa.

Mas os persas acabaram dominando a região. A batalha que deu fim a Esparta foi a de Leuctra em 371 a.C.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • A sociedade espartana era estamental.
  • A agricultura era a única fonte econômica.
  • A característica marcante dos espartanos era o militarismo.
  • A sociedade espartana era dividida em espartanos, periecos e servos.

Exercícios resolvidos

1) Como era a organização política espartana?
R: A política em Esparta era a Diarquia, ou seja, existiam dois reis. O poder era precedido pelos éforos, um conselho de cinco anciãos que definiam as leis e políticas. O conselho de éforo era eleito pelo conselho de Gerúsia, que era composto de 28 homens com mais de 60 anos.
2) Quais eram as características sociais de Esparta?
R: Esparta eram fundamentada em divisões sociais e tinha forte apreço pelo militarismo, desenvolvendo disciplina e força para guerra.
3) Como era dividida a sociedade espartana?
R: A sociedade espartana era dividida entre os espartanos (guerreiros e donos de terra), periecos (comerciantes) e servos, pessoas escravizadas pelo Estado e cedidas para trabalharem para os espartanos.
4) Como era a educação espartana?
R: A educação espartana começava aos sete anos de idade, quando a criança era retirada da família e levada para uma espécie de internato, onde tinha o tutor que ensinaria sobre as artes militares, a fim de que fossem resistentes e fortes.
5) Qual a diferença de Esparta para as outras pólis gregas em relação as mulheres?
R: Em Esparta as mulheres podiam se exercitar e comer como homens, além de andar na rua e terem as vestes confortáveis. Eram reconhecidas por gerarem guerreiros, podendo levar honrarias de guerra, caso morressem no parto.

*Larissa Dutra é historiadora e professora, com formação pela UNESA do Rio de Janeiro.

Referências

» ASTON, Emma. O heroísmo e os valores obscuros de Esparta, a máquina de guerra da Grécia Antiga. BBC Brasil, São Paulo, 25 de janeiro de 2020. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-50898845. Acesso em: 18 de maio de 2020.

» FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.