Por André Luiz Melo em 24/04/2015

Carne suína, legumes e feijão preto. Esses ingredientes são indispensáveis para um prato de cozido bem típico da culinária brasileira e que, certamente, você já deve ter provado ou pelo menos ouvido falara. Trata-se da famosa feijoada.

Durante anos e mais anos da nossa história esse prato se difundiu na culinária brasileira como sendo uma receita genuína daqui. Os relatos contavam que esse cozido havia sido criado pelos escravos em meio às senzalas durante o período colonial.

Tais narrativas populares davam conta de que à época da suposta criação da feijoada, os escravos, devido a ausência de ingredientes de melhor qualidade, realizavam um cozido à base de feijão preto adicionado de restos de carnes de animais, sobretudo o porco.

Esses relatos sempre sustentaram a tradição de que partes suínas como orelhas, vísceras e focinho eram as mais utilizadas no preparo da feijoada. Além, claro, de algumas hortaliças e legumes, a exemplo de folhas de couve.

Feijoada - Tradição e a história verdadeira

Foto: Reprodução

História real

Mas apesar dos ditos populares em torno do surgimento da feijoada, pesquisadores e historiadores contradizem a teoria popular sobre o tal prato de cozido.

Segundo esses estudiosos da história, o cozido aqui batizado de feijoada, cuja composição leva diversos ingredientes como carnes, legumes e feijão, antes mesmo da sua disseminação em solo brasileiro já era um prato típico do sul da Europa, inclusive, em nações ibéricas a exemplo de Portugal.

Ressalta-se ainda, por meio desses estudos históricos, que o cardápio alimentar dos escravos possuía como elementos essenciais o milho, a mandioca, diversos tipos de legumes, feijão e tempero apenas à base de sal e gordura. Dificilmente a carne era um ingrediente presente na alimentação dos negros aqui escravizados.

Cozido para a burguesia brasileira

A partir de pesquisas, pôde-se constatar que um tipo de prato culinário como a feijoada, no passado, só era preparado e consumido por camadas sociais mais elevadas, cujo gosto gastronômico era mais extenso e dotado de conhecimento sobre pratos de outras nacionalidades. A burguesia carioca era uma entre as classes brasileiras que, certamente, desfrutava da feijoada no passado.

Entretanto, apesar de, na prática não ser um prato genuinamente brasileiro, é inegável que a feijoada se tornou um prato típico do Brasil. Inclusive, consumido pelas mais diversas classes sociais do país. Tais esclarecimentos representam apenas a contextualização da real história do surgimento da feijoada, que foi um prato importado para e não criado no Brasil. E muito menos desenvolvido e/ou consumido por escravos.