Por Katharyne Bezerra em 30/09/2016

Já parou para pensar o porquê que você nasceu com esta cor? Saiba que a cor da nossa pele é uma característica herdada, geneticamente, de nossa linhagem, isto é, dos pais, avós etc.

Assim como a cor do cabelo, dos olhos e outras tantas características que são transportadas de pais para filhos no processo de fecundação. Esta teoria baseia-se nos trabalhos do botânico Gregor Mendel, primordialmente criticados e controversos, mas que tornaram-se a base para a genética clássica.

Os estudos de Mendel foram publicados em 1865 e 1866, porém só foram redescobertos depois dos anos de 1900. Isso porque, as hipóteses asseguradas pelo botânico só foram validadas após à teoria dos cromossomos, criada por Thomas Hunt Morgan, em 1915.

Fique por dentro das Leis de Mendel, base do estudo da genética

Foto: depositphotos

Atualmente, os termos genética mendeliana, herança mendeliana ou mendelismo são utilizados para nomear os princípios que possuem relação com a passagem de conteúdo genético de pais para filhos.

As leis de Mendel

Durante os seus estudos, Mendel utilizou-se de pés de ervilhas. A escolha feita pelo botânico levou em consideração as cores dos grãos (amarelo e verde) e o curto período do ciclo de reprodução, surgindo um cultivo mais facilmente e com muitas sementes. Portanto, ao trabalhar com esses elementos, ele teria respostas aos experimentos em pouco tempo.

Assim, o primeiro passo do estudioso foi observar as ervilhas, constatando que essa espécie de grão só produzia descendentes iguais.

Por exemplo, os cultivos da espécie amarela eram sempre amarelos, enquanto que as ervilhas verdes, tinham linhagens todas deste mesma coloração. Concluiu então, que essa descendência era pura, pois ao longo de suas gerações ela não possui modificações.

A partir disso, Mendel resolveu aprofundar ainda mais as pesquisas. Desta vez, escolheu induzir a reprodução cruzada entre a espécie de ervilha amarela e a verde. Para isso, polinizou as flores de ervilha verde com o pólen das amarelas e vice-versa. Como resultado, viu nascer todas as sementes amarelas, surgindo ai sua primeira teoria, a Lei da dominância.

Lei da dominância: o que significa?

Ao induzir a reprodução cruzada, Gregor Mendel descobriu que as ervilhas amarelas sempre sobressaiam às verdes. A esta característica ele deu o nome de dominância, chamando o gene amarelo de dominante e o do verde de recessivo. Em outras palavras, ao que sobressaiu ele chamou de A (azão) e o gene que não se manifestou de a (azinho).

Biologicamente falando, a ervilha de cor amarela possui dois genes AA, já o verde é aa. Quando o botânico cruzou as duas espécies, os descentes só poderiam ser cominados da seguinte maneira: AA ou Aa. Ou seja, em ambos os casos, a cor predominante seria a amarela, por isso todas as sementes nasceram com esta cor.

Partindo deste pressuposto, Mendel resolveu cruzar essa mesma linhagem chamada de F¹. Deixou, portanto, que elas germinassem sozinhas e ao nascerem, a geração obtida em F² era diversificada, sendo amarelas e verdes. Surgindo uma nova lei, a da segregação.

Explicando a Lei da segregação

De acordo com esta teoria, cada novo descendente de F² receberia um fator de cada progenitor. Portanto, se os progenitores eram heterozigotos, isto é, Aa, os seus  descendentes podem ser AA, Aa ou aa. Desta forma, nascem ervilhas amarelas de genes homozigotos, amarelas heterozigotas e verdes homozigotos.

Como conclusão, Mendel afirmou que o gene recessivo só consegue se manifestar quando está em um indivíduo com fatores iguais, ou seja, aa. Caso venha acompanhando do A, a ervilha passa a ser amarela.

Terceira lei: segregação independente

Após as descobertas anteriores com relação as cores dominante e recessiva, Gregor Mendel resolveu analisar como a textura das ervilhas se comportavam junto com as cores da mesma. Para isso, o botânico utilizou-se de ervilhas amarelas lisas (duplamente dominante) e ervilhas verdes rugosas (duplamente recessiva).

Neste caso, a característica amarela tem gametas AA, enquanto que a verde possui aa. Já a lisa é BB e a rugosa bb. Assim, ao cruzar AABB com aabb, a primeira linhagem só teve como resultado ervilhas amarelas e lisas, com o seguinte gene: AaBb.

Desta forma, a F¹ foi novamente cruzada, sendo dois progenitores com um dois genes dominantes e dois recessivos, as possibilidades de descentes, são:

AaBb X AaBb
GametasABAbaBab
ABAABBAABbAaBBAaBb
AbAABbAAbbAaBbAabb
aBAaBBAaBbaaBBaaBb
abAaBbAabbaaBbaabb
Proporção9/16 AB3/16 Ab3/16 aB1/16 ab

Analisando a tabela tem-se 16 descendentes possíveis, destes nove são totalmente dominantes (AB) e por isso são ervilhas amarelas e lisas. Três são Ab, sendo amarelas e rugosas, outras três aB, ou seja, verdes e lisas. Além destas, ainda existe a possibilidade de nascer uma totalmente recessiva, com genes ab, isto é, verde e rugosa.

Após este experimento, Mendel desenvolveu sua terceira teoria chamada de Lei da segregação independente, quando uma característica (lisa ou rugosa) consegue ser passada dos progenitores para os descendentes, independentemente de outra característica (amarela ou verde).