Martinho Lutero: veja quem foi e suas frases mais famosas

Monge agostiniano e teólogo, Martinho Lutero foi o desencadeador da Reforma Protestante na Europa.

Suas críticas e contestações à Igreja Católica modificaram o mundo europeu de tal forma e em tantos aspectos (social, político, religioso, educacional), que contribuíram não somente para o estabelecimento de uma nova visão teológica, mas também para o surgimento de uma nova mentalidade e pensamento em toda a Europa Moderna e, posteriormente, no mundo.

Quem foi Martinho Lutero?

De origem camponesa, filho de um mineiro, nasceu na cidade de Eisleben, na atual Alemanha, em 1483. Iniciou seus estudos, em 1501, na Universidade de Erfurt, e concluiu o mestrado nesta mesma universidade em 1505. Neste mesmo ano, entra para a Ordem dos Agostinianos, tornando-se monge.

Martinho Lutero foi um teólogo responsável pela Reforma Protestante (Foto: depositphotos)

Passa a lecionar teologia na Universidade de Wittenberg em 1508 e gradua-se Doutor em Teologia em 1510.

Em 1512, é enviado a Roma, onde presenciou a venda de indulgências por membros da Igreja Católica, voltando desiludido com os abusos e imoralidade do clero.

Poucos anos depois, em 1517, Lutero afixou as famosas 95 teses sobre as indulgências na porta da Catedral de Wittenberg, fato histórico que pode ser definido como o início da Reforma Protestante.

Nos anos seguintes, é acusado de heresia e sofre uma série de ameaças da Igreja Católica. A última delas foi em 1520, quando o Papa envia uma bula papal, solicitando que se retratasse ou seria excomungado. Como resposta, Lutero queima publicamente a bula papal e, como consequência, é excomungado no ano seguinte.

Em 1525, casou-se com Catarina de Bora, com quem teve seis filhos.

Morre em sua cidade natal, Eisleben, em 1546, não sendo consenso entre os historiadores o motivo da sua morte.

Durante sua vida, Lutero dedicou-se profundamente ao estudo dos textos bíblicos e escreveu cerca de 400 obras, todas de cunho religioso.

O que ele pregava?

Sua tese defendia que o homem se salva unicamente pela sua fé, e não por suas obras, o que tornava as indulgências obsoletas.

Além disso, a Bíblia era a única referência válida e deveria ser lida e interpretada por todos, assinalando dois pontos de divergência em relação ao cristianismo estabelecido até então:

1º A Igreja se baseava em outras obras além da Bíblia como fonte da revelação;

2º A tese de Lutero permitia que os fiéis pudessem contestar aquilo que era determinado pela Igreja a partir da interpretação, uma vez que teriam acesso ao texto sagrado. 

Frases famosas de Martinho Lutero

– “Deve-se doar com a alma livre, simples, apenas por amor, espontaneamente!”

– “Todo o pecado é um tipo de mentira.”

– “Mesmo se eu soubesse que amanhã o mundo se partiria em pedaços, eu ainda plantaria a minha macieira.”

– “A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos povos.”

– “Sê pecador e peca fortemente, mas crê ainda mais fortemente.”

– “A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço.”

– “Os que amam profundamente, jamais envelhecem; podem morrer de velhice, mas morrem jovens. O amor é a imagem de Deus, mas não uma imagem da vida. É, isto sim, a verdadeira essência de toda a natureza divina, que fulga em bondade.”

– “O cristão vive não em si mesmo, mas em Cristo e no próximo. De outro modo, ele não será um cristão.”

As 95 teses

A mais importante de suas obras, as 95 teses marcam a ruptura do monopólio religioso da Igreja Católica e o início da Reforma Protestante. As 95 teses tiveram como alvo a prática das indulgências.

As indulgências nada mais eram do que a venda do perdão. Podem ser definidas como o pagamento monetário feito pelos fiéis para se obter perdão e absolvição dos pecados, para si mesmo e para os mortos, realizado pela Igreja Católica.

Após se comprar as indulgências, as pessoas tinham sua ida garantida ao Paraíso e obtenção da salvação divina.

Reforma protestante

A Reforma Protestante foi uma revolução religiosa e espiritual desencadeada no século XVI na Europa cristã ocidental, que marca o fim da supremacia da Igreja Católica e o consequente surgimento de novas religiões cristãs na Europa.

O berço da Reforma Protestante é o Sacro Império Romano Germânico, atual Alemanha, por meio das ideias de Lutero, que foram difundidas e originaram o Luteranismo.

A reforma de Lutero inspirou outros movimentos protestantes, notadamente o Calvinismo, preconizado por João Calvino, em Genebra, e o Anglicanismo, impulsionado pelo rei Henrique VIII, da Inglaterra.

Lutero X Calvino

Uma das principais diferenças entre a teoria de Martin Lutero e de João Calvino estava na divergência de entendimento sobre como o homem alcançava a salvação. Como já vimos, Lutero acreditava que a salvação se dava pela fé.

Por sua vez, Calvino criou a teoria da salvação baseada na predestinação, ou seja, o homem nasce predestinado por Deus à salvação ou à danação e nada do que ele fizesse em vida poderia mudar o seu destino.

Fatores para a Reforma Protestante

O início da Idade Moderna é marcada por influências renascentistas, movimento artístico e filosófico que transformou a mentalidade da população europeia do período.

A ascensão de conceitos como o racionalismo e universalismo impulsionaram, por um lado, a contestação e a crítica, e por outro lado, a disseminação e inclusão do conhecimento para uma maior parte da população, por meio principalmente de universidades e da imprensa.

Como consequência, em 1534, Lutero publica e distribui a Bíblia em língua alemã, possibilitando que fosse lida e interpretada por outros indivíduos, que não somente membros do clero, abrindo espaço para questionamentos e discordância em relação às determinações da Igreja Católica.

Por sua vez, a Igreja Católica teve uma influência decisiva na eclosão da Reforma Protestante. A desmoralização e a crise de credibilidade do clero ocasionaram considerável insatisfação popular, de diferentes esferas sociais, e tornaram possível que movimentos sociais se organizassem para expressar suas demandas.

Uma das motivações principais para a fragilidade da imagem da Igreja no período foi a comercialização da fé, percebidas a partir da venda de indulgências e da simonia, venda de relíquias sagradas e de cargos eclesiásticos, como forma de se obter recursos e lucro.

Exercícios resolvidos

Referências

» LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001.

» MONTEIRO, Rodrigo Bentes. As reformas religiosas na Europa moderna – notas para um debate historiográfico. Varia História, Belo Horizonte, vol. 23, n.37, p.130-150, jan/jun 2007.

» SANCHEZ. Miguel A. Martín. Implicaciones educativas de la reforma y contrarreforma em la Europa del Renacimiento. Cauriensia, vol. V, p.215-236, 2010.

» VICENTINO, Cláudio. História: memória viva. Idade Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1994.