Mercantilismo são as práticas comerciais de um estado absolutista que vão de 1403 até 1789. Essas práticas também podem ser reconhecidas como capitalismo comercial, e é a face econômica do regime político absolutista, que concentrava todo o poder nas mãos do rei, inclusive o poder econômico.
O que é o mercantilismo?
O mercantilismo é a política econômica do período absolutista da Europa entre os séculos XV e XVIII, pensado principalmente para o rápido enriquecimento dos países recém unificados.
São um conjunto de práticas econômicas, consideradas um estágio entre o modo de produção feudal e o modo de produção capitalista.
Embora grande parte dos países que adotaram a prática mercantilista fossem absolutistas, alguns não eram, como a Holanda, então entende-se que esse conjunto de práticas foram adotadas principalmente pelos países absolutistas, mas não somente por eles.
Como surgiu
O mercantilismo foi uma alternativa criada para a troca econômica do feudalismo. Com a queda do feudalismo e a criação dos Estados Modernos unificados, os países que conhecemos agora, precisaram de uma nova prática econômica de enriquecimento e para isso o mercantilismo foi criado.
Características
Metalismo: aqui entende-se que a riqueza de um Estado será avaliada pela quantidade de metais preciosos que ele tem acumulado. Uma das formas para se conseguir essa acumulação eram as expansões marítimas e colonizar outros lugares.
Pacto colonial ou sistema colonial: a forma de acúmulo de riqueza é através da exploração dos países colonizados, que nem sempre rendiam pedras preciosas, mas tinham outros materiais valorizados na Europa, como o açúcar. O Estado deve ser monopolizado para gerar lucro para o país colonizador.
Escravismo: a riqueza depende da força de trabalho forçado e sequestrada de outros lugares, como aconteceu no continente africano. O escravizado não gerava lucro somente através do trabalho, mas pelo tráfico e comércio dessas pessoas.
Monopólio: a colônia só pode comprar e vender da sua metrópole colonizadora. Um exemplo é a compra do açúcar bruto da colônia brasileira por um preço X, em Portugal esse açúcar será ensacado e vendido de novo para o Brasil com um preço XX, ou seja, muito mais elevado. Assim a Europa garantiu a sua riqueza circulando e aumentando. As colônias então vão vender e comprar exclusivamente da metrópole colonizadora, sem que tenha nenhum direito de escolha do valor, a metrópole vai dizer o preço que irá comprar e vender para aquela região.
Balança comercial favorável: para manter um acúmulo de ouro em casos de importação e exportação, a metrópole deveria exportar mais do que importar, gerando então a troca de mercadorias por moedas de ouro que seriam acumuláveis.
Protecionismo: a ideia de proteção dos países estava em alta, e essa proteção deveria ser principalmente econômica com a moeda retida no país. Uma prática para inibir e desestimular essa perda de metais preciosos foram as tarifas alfandegarias aumentadas, de forma que um produto importado não valha a pena. Assim a população comprará o produto nacional.
Intervencionismo: é o Estado que vai ter o poder de criar as tarifas alfandegarias elevadas, é ele que vai atuar na expansão marítima e em todos os âmbitos econômicos, sem a existência de uma economia privada.
Revolução dos preços
A Europa vai ter uma crise inflacionária, chamada revolução dos preços, uma vez que seu projeto de expansão e acúmulo de ouro e prata foi tão intenso que todos tinham muito ouro e muita prata e eles começaram a perder o seu valor.
O valor atribuído à moeda e aos metais preciosos é de acordo com a raridade desses itens, a maior parte deles deveriam estar nas mãos de poucos para que esse tipo de economia não igualitária e baseada na exploração desse certo.
A Espanha foi o país que mais conseguiu acumulação de riqueza pela sua colonização rápida da América do Sul. Países como Peru, Chile e Uruguai continham grandes quantidades de prata. A rota de extração desses metais preciosos se dava por um rio chamado Rio de La Plata.
Mercantilismo europeu
O mercantilismo não foi uma estrutura unificada, cada país tinha a sua característica.
– Mercantilismo espanhol: se chamava Bulionismo. Ele se destacava pelo metalismo, era a sua grande força de acumulação.
– Mercantilismo francês: se chamava Colbertismo, ou mercantilismo industrialista. Nele se destacava a produção manufatureira com destaques para artigos de luxo, como leques, porcelanas e perfumes. Essa produção era escoada por companhias comerciais.
– Mercantilismo inglês: também era conhecido como comercialista e industrialista. Tinha como foco o investimento no comércio marítimo, construção naval, fundação de companhias comerciais, estimulava a atividade corsária, que foi um mecanismo de enriquecimento inglês, principalmente no reinado de Elizabeth.
– Mercantilismo português: conhecido como Mercantilismo de Plantagem. Era pautado na exploração colonial, baseada no extrativismo e na produção agrícola.
O mais eficiente a longo prazo foi o inglês pelo foco na produção e comercialização. Recursos que foram aplicados no século XVIII na Revolução Industrial.
Relação entre o capitalismo e o mercantilismo
O mercantilismo não pode ser entendido como um modo de produção, porque não é total e não é uma forma de organização socioeconômica, são apenas práticas reproduzidas e adaptadas pelos países europeus.
O mercantilismo faz a ponte entre o modo de produção feudal e o capitalista, sendo entendido como práticas pré-capitalistas, como a valorização da moeda, da produção manufatureira e da desigualdade social como fonte de valorização dos lucros.
- O mercantilismo aconteceu de 1403 até 1789.
- O mercantilismo foi uma prática econômica do período absolutista.
- O mercantilismo ocorreu na transição do feudalismo para o capitalismo.
- O mercantilismo visava o rápido enriquecimento dos países recém unificados europeus.
Exercícios resolvidos
*Larissa Dutra é historiadora e professora, com formação pela UNESA do Rio de Janeiro.
Referências
» DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.
» FALCON, Francisco José Calazans. Mercantilismo e Transição. São Paulo: Brasiliense, 1982.