Por André Luiz Melo em 09/05/2015

Expressar emoções e sentimentos por meio de palavras, cujos significados, em muitos dos casos, estão ocultos nas entrelinhas dos versos. Se você pensou que estamos falando sobre poesia, acertou. Este é o gênero literário, também conhecido como lírico, que permite que determinadas palavras sejam empregadas com revestimento sonoro, com ritmo, além de significações subjetivas e expressões que denotam o interior do ser humano.

Dotados de vitalidade específica e com pulsação e vibração própria, as poesias expressam para os leitores a verdadeira essência da linguagem. São nesses escritos que palavras possuem combinação e compõem sintaxes, formando assim combinações que podem se recriar e dar origem a outras novas.

O trabalho poético

O trabalho de um poeta na elaboração de um texto com essas características pode ser considerado um memorável “arquiteto” textual. O poeta precisa canalizar, a partir do seu interior e intelecto, todas as sensações latentes, e converter isso em palavras que darão origem a uma poesia. É preciso fazer uso de expressões do universo gramatical, sempre as “lapidando” e transformando-as em “diamantes”, uma vez que as mesmas darão origem a uma intensa e valiosa poesia.

Uma poesia qualificada vai sempre permitir ao leitor novos e distintos pontos de percepção. Ou seja, quem as lê poderá ter a experiência de sentir diversas sonoridades e imagens. Não necessariamente, os versos de uma boa poesia são extremamente longos. Tudo vai depender da intenção do autor, que vez por outra poderá valorizar algo mais sintético, mais enxuto, mas que também em outras ocasiões poderá priorizar pela verborragia.

Mergulhando no universo da poesia

Foto: Reprodução

Por dentro dos versos

Uma poesia é composta por versos, esses que figuram sempre em conjuntos determinados de estrofes. A composição das estrofes pode se dar por meio de igual métrica de sílabas poéticas (homogêneas) ou ainda por medidas distintas (heterogêneas). Ou seja, determinadas poesias possuem uma divisão silábica bastante clássica, seguindo fielmente as rimas, enquanto que outras nem sempre.

Os modernistas é um exemplo dos que deixam prevalecer uma maior informalidade, por meio dos versos livres ou brancos. Vale ressaltar que sílabas poéticas não se relacionam, necessariamente, com as gramaticais. Ou seja, o que prevalece é o som e não o estilo gráfico do texto.

Igualmente as poesias dos períodos clássicos, as do modernismo não desprezam a estruturação rítmica, a sonoridade, as sensações e pulsações. Apenas sua construção que é feita de forma menos tradicional, porém com técnicas equivalentes e tão quanto eficazes para a compreensão do leitor.

Confira uma poesia de Vinicius de Moraes:

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste…