Nematelmintos: o que são, características e exemplos

Os nematelmintos são seres invertebrados que pertencem ao filo Nematoda (nema = fio), ou Nemata. São animais de corpo alongado, cilíndrico e fino, com as extremidades afiladas.

A diversidade do grupo é muito grande. A maioria dos nematódeos é de vida livre, medindo entre 1 mm e 5 cm de comprimento. São abundantes em diferentes ambientes: solo, água doce e mares.

Para se ter ideia da quantidade desses indivíduos, um metro quadrado de solo pode conter cerca de 3 milhões desses diminutos animais.

As Ascaris lumbricoides, conhecidas como lombrigas, são da classe dos nematelmintos (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

As formas de vida livre têm diferentes hábitos alimentares, havendo nematódeos que se alimentam de detritos ou de animais mortos em decomposição e nematódeos predadores.

Algumas espécies são parasitas de plantas e animais. O tamanho desses parasitas é bastante variável: há representantes com cerca de 40 mm de comprimento, como as filárias, e outros com cerca de 40 cm, como as lombrigas.

Características dos nematelmintos

São animais invertebrados de corpo cilíndrico. As larvas de vida livre dos nematoides realizam a respiração aeróbica, já os nematoides parasitas realizam a respiração anaeróbica.

A maioria dos nematódeos tem sexos separados, com dimorfismo sexual, ou seja, é possível reconhecer macho e fêmea pelo aspecto externo do corpo.

Em geral, a fêmea é maior que o macho, e este possui a extremidade posterior do corpo em forma de gancho, usando a cópula para envolver o corpo da fêmea. Como exemplo desse grupo, nos deteremos nas lombrigas (Ascaris lumbricoides).

Lombrigas

Na extremidade anterior das lombrigas localiza-se a boca, geralmente circundada por lábios ou papilas sensoriais. Próximo à extremidade posterior abre-se o ânus, no caso das fêmeas, e a cloaca, no caso dos machos.

A cloaca é uma abertura comum aos sistemas digestório e reprodutor. Assim, os machos eliminam espermatozoides e fezes pela cloaca; as fêmeas têm um orifício genital separado do ânus e de localização anterior no corpo. A fecundação é interna.

Ao contrário dos demais animais, os nematódeos não possuem células ciliadas nem flageladas. Até mesmo seus espermatozoides se deslocam por movimento ameboide.

Após a fecundação, os ovos contendo os embriões em desenvolvimento ficam armazenados no útero, protegidos por um envoltório espesso e resistente. Esses ovos são eliminados pelo poro genital da fêmea.

Do ovo eclode uma larva; esse termo, porém, não é muito apropriado, pois ela possui quase todas as estruturas do adulto, exceto o sistema reprodutor desenvolvido. O termo larva é, no entanto, usual para o grupo.

O crescimento das larvas é acompanhado por mudas da cutícula: a cutícula antiga se separa da epiderme.

Nas espécies que vivem no solo, a cutícula é muito espessa e protege o corpo do animal do atrito com as partículas minerais. Nas espécies parasitas, essa cutícula protege o nematódeo das enzimas e de outros produtos do corpo do hospedeiro.

Doenças causadas por nematelmintos

As principais parasitoses humanas provocadas por nematelmintos no Brasil são:

Ascaris lumbricoides (lombriga)

Doença: ascaridíase.

Modo de transmissão: ingestão de alimentos e de água contaminados por ovos de lombriga. É um parasita monoxeno, pois seu ciclo de vida se completa em apenas um hospedeiro. Quando há necessidade de dois hospedeiros, os parasitas são chamados heteroxenos.

Prevenção: saneamento básico; lavar bem os alimentos; tratar com cloro ou ferver água antes de ingeri-la; lavar as mãos antes das refeições; tratamento dos doentes.

Sintomas: cólicas intestinais e náusea pela presença do parasita no intestino; bronquite e pneumonia em decorrência de migração de larvas do parasita, respectivamente, para brônquios e pulmões.

Ancylostoma duodenale e Necator americanus

Doença: ancilostomose, ancilostomíase, necatoríase, opilação ou amarelão.

Modo de transmissão: penetração ativa na pele humana de larvas do parasita presentes no solo. As larvas medem cerca de 700 μm de comprimento.

Prevenção: saneamento básico; evitar contato da pele com solos contaminados por larvas desses parasitas; tratamento dos doentes.

Sintomas: anemia por perda de sangue nas lesões da parede do intestino delgado provocadas pelos parasitas. A pessoa fica pálida, amarelada (popularmente chamada de amarelão) e fraca. Há também irritação na pelo no momento da penetração da larva e problemas pulmonares, em decorrência da fase em que os parasitas atingem os pulmões. No início do século XX o personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato, representava o brasileiro da zona rural, descalço e parasitado por esses vermes intestinais.

Ancylostoma braziliensis

Doença: bicho-geográfico ou larva migrans.

Modo de transmissão: penetração ativa de larvas de Ancylostoma braziliensis na pele humana.

Prevenção: evitar contato da pele com solo ou areia contaminados por larvas do parasita. Não levar cães e gatos para praias ou tanques de areia.

Sintomas: forte irritação da pele, com coceira intensa, especialmente à noite, o que pode causar insônia. A movimentação das larvas na pele produz caminhos sinuosos visíveis, como linhas avermelhadas, por isso o nome de bicho-geográfico.

Wucheria bancrofti (filária)

Doença: filariose, que pode levar à elefantíase

Modo de transmissão: picada de mosquitos do gênero Culex, que transmite as larvas desse parasita para o ser humano. Esse inseto tem hábitos noturnos. O parasita é heteroxeno.

Prevenção: controle da população do vetor; uso de repelentes de insetos; uso de telas em janelas e portas para evitar a entrada do mosquito nas casas; tratamento dos doentes.

Sintomas: inchaço causado pela obstrução dos vasos linfáticos, que são os responsáveis pela remoção do excesso de líquidos nos tecidos. Em casos mais graves, causa a elefantíase: grande inchaço principalmente das pernas, do escroto ou das mamas.

Oxyurus vermiculares ou Enterobius vermiculares

Doença: oxiurose ou enterobiose

Modo de transmissão: ingestão de ovos desse parasita, que pode ser direta, da região anal para a boca, ou indireta, pela ingestão de alimentos contaminados.

Prevenção: higiene. Como geralmente a migração das fêmeas desses parasitas com ovos ocorre durante a noite, é recomendável à pessoa contaminada lavar a região anal ao levantar-se e trocar a roupa íntima e os lençóis diariamente, fervendo-os e lavando-os separadamente das demais roupas de casa, para evitar a reinfecção; tratamento dos doentes.

Sintomas: doença mais comum em crianças, mas pode ocorrer em adultos. Caracteriza-se por náusea, vômitos, dores abdominais e intenso prurido anal.

Exercícios resolvidos

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

» DE FARIAS MACIEL, Divanete; GONCALVES, Rodrigo Gurgel; MACHADO, Eleuza Rodrigues. Ocorrência de parasitos intestinais em hortaliças comercializadas em feitas no Distrito Federal, Brasil. Revista de Patologia Tropical/Journal of Tropical Pathology, v. 43, n. 3, p. 351-359, 2014.

» DREYER, Gerusa; COELHO, Giovanini. Filariose linfática: doença potencialmente eliminável. Cadernos de Saúde Pública, v. 13, p. 537-543, 1997.