Por Débora Silva em 23/05/2017

Os portugueses chegaram ao Brasil no ano de 1500 e, por quase meio século, o único interesse deles nessas terras foi a exploração do pau-brasil, uma árvore nativa da Mata Atlântica que, além da madeira, fornecia uma resina que os índios já utilizavam para o tingimento de tecidos. Quando os portugueses observaram o uso daquela árvore, começaram a explorá-la e enviá-la para o continente europeu.

O ciclo do pau-brasil é o período histórico brasileiro ocorrido durante a fase pré-colonial (1500-1530), sendo marcado pela exploração da árvore pau-brasil, bastante acessível no litoral. Com a forte exploração, a riqueza natural chegou a ser ameaçada de extinção.

A extração do pau-brasil

A Coroa Portuguesa recebia valores altos para a exploração do pau-brasil desde o início do século XVI. A extração da madeira do pau-brasil foi possível por meio de três expedições, realizadas em 1502, 1503 e 1504.

O ciclo do Pau Brasil

Foto: depositphotos

1502

No ano de 1502, a extração do pau-brasil foi arrendada a negociantes de Lisboa, que passaram a ter o direto de explorar o pau-brasil e escravizar os índios. Naquela época, a Coroa Portuguesa recebia valores elevados sobre o total arrendado. Assim, a exploração aumentava cada vez mais.

1503 – 1504

Em 1503, a segunda expedição de reconhecimento das terras retornou a Portugal com um relatório que informava sobre a grande quantidade de pau-brasil disponível para exploração. Nessa ocasião, o rei de Portugal, Dom Manuel, recebeu um grande quantidade da madeira para comercialização. Devido à grande quantidade de árvores nas áreas costeiras, a exploração era ainda mais fácil.

A terceira expedição ocorreu entre os anos de 1503 e 1504, sendo marcada pela construção de uma fortaleza na região atualmente conhecida por Cabo Frio, no litoral do estado do Rio de Janeiro. Na região era feito o carregamento do material (resgate) os navios europeus, e logo depois surgiram outros pontos de resgate como esse, em Pernambuco e na Baía de Todos os Santos.

O fim do ciclo

O pau-brasil foi explorado não apenas pelos portugueses, mas também pelos franceses, que enviavam regularmente para a Europa muitos navios carregados de madeira. Com o objetivo de apreender os navios franceses, Dom João II enviou algumas expedições de guarda-costas para a colônia, mas, devido ao tamanho do litoral brasileiro, os portugueses se viram obrigados a povoar a colônia.

Durante a exploração do pau-brasil, os portugueses escravizaram os índios, forçando-os a extraírem a madeira. A escravidão dos índios foi proibida em 1570, mas foi mantida até o século XVIII, sendo gradativamente substituída pelos escravos africanos.

Após algum tempo de intensa exploração, a árvore entrou em processo de extinção, fazendo com que a metrópole desenvolvesse outras formas de enriquecimento a partir da colônia, como a exploração da cana-de-açúcar.

Em 1832 surgiram notícias sobre a descoberta de alguns corantes artificiais, reduzindo ainda mais a comercialização do pau-brasil. Em 1875, Dom Pedro II extinguiu o imposto especial que era cobrado na exportação da madeira.