Por Prof. Nathália Duque em 30/07/2020

O nosso sistema sensorial é responsável por receber os mais diversos estímulos e transmiti-los ao cérebro. No cérebro, eles serão interpretados e transformados em sensações. A recepção dos estímulos sonoros é feita pelas orelhas, sendo organizadas em três regiões: orelha externa, orelha média e orelha interna.

A audição é o resultado da conversão de ondas sonoras em impulsos nervosos que são enviados pelo nervo auditivo ao cérebro, que interpreta os sinais, distinguindo os diferentes sons.

Quais são os ossos do ouvido?

Partes do ouvido

A orelha é dividida em três partes: externa, média e interna (Foto: Freepik)

Em seu trajeto até o cérebro, os estímulos sonoros percorrem as três partes da orelha – externa, média e interna.

  • A orelha externa capta o som.
  • A orelha média faz a condução do som. Nela estão localizados três ossículos muito importantes: o martelo, a bigorna e o estribo. Esses ossículos têm a função de converter mecanicamente as vibrações do tímpano e conduzir à orelha interna.
  • Na orelha interna estão as células sensoriais receptoras do estímulo sonoro.

Essas células formam uma estrutura conhecida por órgão espiral (órgão de Corti), situado em um órgão complexo chamado cóclea. Esta é composta de um longo tubo enrolado e preenchido por líquido, lembrando a forma de um caracol.

Do órgão espiral parte o nervo vestibular (auditivo), que leva os estímulos sonoros ao cérebro, que os decodifica e os transforma em sensação sonora, caracterizando a audição.

Na orelha interna existem também o utrículo, o sáculo e os três canais semicirculares, distribuídos nas três dimensões do espaço. Essas estruturas apresentam líquido em seu interior e células sensoriais ciliadas. A orelha interna contém os nervos auditivos, sendo responsável pela audição e pelo equilíbrio.

Qual a função dos ossos da orelha?

Como vimos, são três os ossos existentes na orelha média e eles trabalham em conjunto ao transmitir as vibrações sonoras até a orelha interna. A orelha média conecta a orelha externa à orelha interna, fazendo uma ponte entre ambas.

Martelo

O martelo pode chegar a medir 9 milímetros de comprimento, sendo o maior ossículo da orelha. O martelo liga-se ao tímpano pela membrana timpânica e ao osso bigorna, através de sua outra extremidade.

Bigorna

Esse ossículo localiza-se entre o martelo e o estribo. Possui esse nome devido sua semelhança com o utensílio bigorna, um material de aço ou de ferro fundido.

Estribo

É o menor ossículo da orelha, medindo em torno de 3 milímetros, ou seja, é o menor osso do corpo humano.

Antigamente era conhecido como estapédio. O estribo conecta-se à bigorna e a orelha interna, através da janela oval. O osso funciona como um tipo de sustentação em forma de ferradura, por isso ganhou esse nome.

Partes da orelha

Orelha externa

É formada pelo pavilhão auditivo e pelo canal auditivo externo. Encontra-se fechada internamente pelo tímpano.

Orelha média

Possui formato de caixa, contendo em seu interior três ossículos (martelo, bigorna e estribo) responsáveis pela propagação das vibrações do som. Comunica-se com o ouvido interno e com a faringe, por meio da tuba auditiva.

Orelha interna

Nela está situado o labirinto. Abrange o vestíbulo (utrículo com três canais semicirculares) e a cóclea.

Nos canais semicirculares encontram-se estruturas que permitem a percepção da posição do corpo (noção de equilíbrio). Na cóclea estão presentes estruturas que permitem a percepção dos sons e ruídos, chamadas órgãos de Corti.

Curiosidade: orelha ou ouvido?

Muitas vezes a palavra ouvido e orelha são usadas como sinônimas, porém, existem diferenças. A orelha está relacionada ao aparelho auditivo como um todo, órgão e sua estrutura. Já a palavra ouvido está ligada ao sentido da audição, de ouvir ou escutar.

Qual a relação do som com a cabeça?

Os movimentos realizados pela nossa cabeça provocam deslocamento do líquido existente no utrículo, no sáculo e nos canais semicirculares, estimulando as células sensoriais. Esse estímulo é enviado ao cérebro pelo nervo vestibular e lá é decodificado com informações importantes a respeito da posição do corpo.

Quando giramos o corpo e paramos bruscamente, temos a sensação de que continuamos a girar.

Isso ocorre graças ao princípio da inércia, pois o líquido que preenche estruturas da orelha interna continua se movimentando por algum tempo, mesmo depois de termos cessado o movimento corporal.

Assim, o cérebro continua recebendo da orelha a informação de que ainda estamos girando. Com isso, cria-se um conflito entre o que é visto e o que é sentido. Somente quando a movimentação do líquido se regulariza é que retomamos o equilíbrio.

O caminho do som

Orelha

Além da audição, o ouvido é responsável pelo equilíbrio do corpo (Foto: Freepik)

O estímulo sonoro é conduzido pelo meato acústico, um tubo em forma de S localizado na orelha externa, até o tímpano, membrana altamente inervada, que ressoa como tambor.

As vibrações da membrana timpânica estimulam movimentos dos três ossículos da audição projetando-as pela cavidade timpânica até a janela do vestíbulo, localizado na orelha interna.

Nessa região, as ondas sonoras estimulam a ação de dois líquidos, endolinfa e perilinfa, que por sua vez, incitam os receptores da audição contidos na cóclea a converter as vibrações mecânicas em impulsos nervosos.

Os impulsos são conduzidos pelos sensores cocleares do nervo vestibulococlear à área da audição do lobo temporal do cérebro, onde as sensações auditivas são traduzidas como sons.

Volume e tonalidade

Os receptores sonoros contidos na cóclea (estrutura que faz parte do labirinto na orelha interna) são responsáveis pelas características de tonalidade e volume das ondas sonoras.

Os sons agudos (alta frequência), os graves (baixa frequência) e os médios são percebidos por receptores localizados em diferentes áreas da cóclea.

Equilíbrio e orientação

Além do sentido da audição, a orelha é responsável pelas sensações de orientação espacial e equilíbrio do corpo, graças a receptores específicos sensíveis aos movimentos da cabeça presentes no vestíbulo, um minúsculo dispositivo localizado no labirinto.

O labirinto é um complexo sistema de tubos que constitui a estrutura da orelha interna, reunindo os órgãos funcionais da audição e do equilíbrio: vestíbulo, cóclea e ductos semicirculares.

Dor de ouvido

Cotonete na orelha

A infecção na orelha externa pode ser causada com o uso de cotonetes (Foto: Freepik)

A dor de ouvido é algo frequente entre as pessoas, muito mais entre o público infantil. A infecção do ouvido é chamada de otite. Isso acontece devido o acúmulo de secreções e inflamação na região, causando dor. A otite pode acometer a orelha externa, média ou interna.

Otite externa

Causada principalmente pelo uso indevido de cotonetes ou outros objetos, além de água contaminada do mar ou piscina.

Otite média

Em situações de sinusite ou resfriados, o acúmulo de secreção no nariz pode subir ao ouvido médio por meio da tuba auditiva, gerando incômodo e dores.

Otite interna

Infecções nessa região interna podem causar problemas grave, prejudicando a audição e ocasionando tonturas. Alguns pacientes chegam a necessitar de internação hospitalar.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • A orelha é dividida em três partes: externa, média e interna.
  • Na orelha estão três ossinhos: martelo, bigorna e estribo.
  • A orelha externa é responsável por captar o som.
  • A orelha média faz a condução do som.
  • A orelha interna decodifica o som.

Exercícios resolvidos

(1) Quantos ossos tem o ouvido?
R: Apenas três: martelo, bigorna e estribo.
(2) Onde estão localizados os ossos do ouvido?
R: Na orelha média.
(3) Qual a função desses ossinhos?
R: Converter mecanicamente as vibrações do tímpano e conduzir à orelha interna.
(4) O que é o labirinto?
R: Um complexo sistema de tubos que constitui a estrutura da orelha interna, reunindo os órgãos funcionais da audição e do equilíbrio.
(5) O que é a otite?
R: Infecção do ouvido.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

» PEREIRA, Maria Beatriz Rotta; RAMOS, Berenice Dias. Otite média aguda e secretora. J Pediatr (Rio J), v. 74, n. supl 1, p. S21-S30, 1998.

» GENTIL, Fernanda et al. Estudo do efeito do atrito no contacto entre os ossículos do ouvido médico. Revista internacional de métodos numéricos para cálculo y diseño en ingeniería, v. 23, n. 2, p. 177-187, 2007.