Ciências

Platelmintos: o que são, características e classificação

Os platelmintos são seres invertebrados que fazem parte do grupo ou filo Platyhelminthes. O nome desse filo deriva de uma das características dos animais desse grupo: são vermes com o corpo achatado dorsoventralmente (platýs = chato; helmintós = verme).

O termo verme é empregado para animais invertebrados [1] de corpo alongado, mas não tem valor taxonômico.

Entre os platelmintos há espécies de vida livre, que são predadoras ou que se alimentam de animais mortos. Ocorrem nos mares, na água doce e em ambientes terrestres úmidos.

Existem também platelmintos que são parasitas de outros animais, inclusive do ser humano. É o caso do Schistosoma mansoni, que causa a esquistossomose (barriga d’água), e da Taenia solium, que causa a teníase e a cisticercose.

Características dos platelmintos

Existem espécies de platelmintos em que os indivíduos são microscópicos, mas há também espécies em que os indivíduos são muito longos, atingindo cerca de 10 metros de comprimento. Exemplos disso são algumas espécies de tênia ou solitária, que são parasitas intestinais.

Vermes no intestino

Os platelmintos são seres invertebrados, como a tênia, um parasita intestinal (Foto: depositphotos)

Independente do comprimento, a espessura do corpo dos platelmintos é muito pequena, ou seja, são animais de corpo achatado dorsoventralmente.

Com isso, mesmo as células mais internas do corpo não ficam muito distantes da superfície, o que permite a troca de gases respiratórios e a liberação de excretas nitrogenadas (amônia) por difusão através da superfície do corpo.

Os platelmintos são animais triblásticos, acelomados, com simetria bilateral. Como em todos os demais animais com esse tipo de simetria, apresentam uma região anterior, uma posterior, uma dorsal e uma ventral em contato com o substrato (superfície).

Animais com simetria radial não possuem essas regiões.

Diversidade desses seres

Classe Trematoda

Os trematódeos são platelmintos parasitas que apresentam uma ou duas ventosas usadas na fixação ao corpo do hospedeiro.

Quando existem duas ventosas, uma localiza-se ao redor da boca, e a outra fica em posição ventral. A boca comunica-se com um esôfago curto, de onde partem dois ramos intestinais, muito reduzidos.

O revestimento do corpo é modificado e desempenha papel importante na proteção do animal contra substâncias produzidas pelo hospedeiro.

Na superfície corpórea há absorção de nutrientes, principalmente aminoácidos, por pinocitose. Aí também ocorrem trocas gasosas e liberação de excretas.

Esquistossomose

Vamos destacar um parasita humano que é muito comum no Brasil: o Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose ou esquistossomíase.

Essa espécie é uma das poucas entre os platelmintos que apresentam sexos separados. Além disso, tem dimorfismo sexual, ou seja, é possível reconhecer machos e fêmeas pelo aspecto externo do corpo.

Durante o ciclo de vida desse parasita, há necessidade de um hospedeiro intermediário, um caramujo [2] do grupo planorbídeos, do gênero Biomphalaria.

No corpo humano, após infestação prolongada, surgem lesões no fígado e em outros órgãos. Na forma mais grave da doença, ocorre intenso inchaço do fígado e do baço, daí o nome popular de “barriga-d’água”.

As principais medidas profiláticas para se evitar a esquistossomose são:

Classe Cestoda

Os cestódeos são platelmintos parasitas, representados principalmente pelas tênias, parasitas intestinais. Eles não têm boca nem demais estruturas do sistema digestório.

Portanto, os nutrientes são obtidos apenas por pinocitose ou por absorção através do revestimento do corpo. Este é modificado com características que possibilitam não só absorção de nutrientes, como também proteção contra as substâncias produzidas pelo hospedeiro.

As espécies mais importantes para o ser humano são: taenia solium e taenia saginata. Esses animais podem atingir no intestino humano até 10 metros de comprimento.

Pelo fato de geralmente existir apenas um indivíduo no corpo do hospedeiro, as tênias são também chamadas solitárias.

As principais medidas profiláticas para evitar a teníase são:

A taenia solium pode provocar no ser humano uma doença grave: a cisticercose. Ela é contraída quando uma pessoa ingere ovos desse parasita e passa a atuar como hospedeira intermediária do verme.

Os cisticercos são formados no corpo humano em vários tecidos, podendo alojar-se nos olhos, no cérebro e no coração [3].

Classe Turbellaria

Os turbelários são platelmintos de vida livre. Vamos nos deter nas planárias de água doce. Na região anterior do corpo dessas planárias existem dois ocelos, estruturas sensoriais capazes de perceber a luz (fotorreceptoras), mas que não formam imagens.

Nas aurículas, que são projeções laterais da região cefálica, há células capazes de perceber substâncias químicas dissolvidas na água (células quimiorreceptoras), que participam do processo de localização do alimento e do meio.

As planárias são animais hermafroditas, porém, a autofecundação é rara. Na cópula, dois indivíduos se unem e há troca de espermatozoides. Os indivíduos se separam.

Após a fecundação, um ou mais zigotos ficam desprotegidos em cápsulas que são liberadas pelo poro genital. Estas são fixadas ao substrato pelo animal e delas eclodem planárias jovens. O desenvolvimento, portanto, é direto.

As planárias podem se reproduzir assexuadamente por fissão transversal. Esses animais apresentam grande poder de regeneração em função da presença de células indiferenciadas nos tecidos de preenchimento do corpo.

Assim, essas células têm grande poder de divisão e de dar origem a outros tipos celulares. Até um certo limite, se dividirmos o corpo da planária, cada segmento dará origem a um novo indivíduo.

As planárias podem dar origem a outros indivíduos através da divisão do próprio corpo (Foto: depositphotos)

Nematelmintos

Como sabemos, os platelmintos são vermes [4] achatados dorsoventralmente, já os nematelmintos compreende os animais de corpo alongado, cilíndrico e fino, com as extremidades afiladas.

Alguns nematelmintos são parasitas de plantas e de animais. Seu tamanho é bem variável, havendo representantes com cerca de 40 milímetros de comprimento, como as filárias, e outros com 40 centímetros, como as lombrigas.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

BRUSCA, Richard C.; BRUSCA, Gary J. “Invertebrados“. Madrid: McGraw-Hill, 2005.

FORNERIS, L. “Platelmintos turbelários“. Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: invertebrados de água doce. São Paulo: FAPESP, v. 4, p. 17-23, 1999.