Por Débora Silva em 16/06/2015

A Revolta de Beckman é o nome de uma rebelião nativista que ocorreu na cidade de São Luís, no estado do Maranhão, no ano de 1684, como uma reação da grande insatisfação dos comerciantes, proprietários rurais e população em geral com a Companhia de Comércio do Maranhão, que fora instalada na região dois anos antes, em 1682, pela coroa portuguesa.

Naquela época, a Corte Portuguesa era responsável pela logística econômica efetiva em todas as áreas da colônia, mas isso não funcionava bem no Maranhão. Esta revolta mostra os conflitos de interesses entre os colonos e a metrópole.

Antecedentes históricos

A logística econômica efetiva não funcionava bem na região do Maranhão, com problemas de abastecimento de suprimentos e de mão de obra escrava. Naquela região havia pouca oferta de escravos africanos, o que incentivava os produtores locais a empregarem a escravidão indígena, o que era dificultado pelos jesuítas.

Com a crescente pressão dos comerciantes locais, a Cora Portuguesa criou a Companhia de Comércio do Maranhão, comprometendo-se a fornecer auxílio à região com a assinatura de um contrato de abastecimento. No contrato estava previsto o envio de aproximadamente 500 escravos negros, ao ano; remessas de alimentos, como farinha de trigo, bacalhau e vinho; e a ajuda na exportação de suprimentos produzidos pela população maranhense, como açúcar, tabaco e cacau.

Revolta de Beckman

Foto: Reprodução

No entanto, a Companhia de Comércio do Maranhão não cumpriu com o contrato, o que provocou uma onda de revoltas em São Luís. Os comerciantes queixavam-se do monopólio da Companhia, os proprietários rurais contestavam os preços que a Companhia pagava pelos seus produtos, e a maioria dos maranhenses estavam insatisfeitos com a baixa qualidade e os altos preços cobrados pelos produtos comercializados na região. Além da baixa qualidade e dos altos preços dos produtos, havia o problema da falta de mão-de-obra escrava na região.

Com a crescente insatisfação da população, em 1684 teve início a Revolta de Beckman, sob a liderança dos irmãos Tomás e Manuel Beckman.

A Revolta

A Revolta de Beckman, iniciada em 1684, tinha como objetivo principal o fim das atividades da Companhia do Comércio do Maranhão, para acabar com o monopólio e estabelecer uma relação comercial justa.

Na noite de 24 de fevereiro de 1684, sob a liderança dos grandes senhores de engenho da região, Tomás e Manuel Beckman, os revoltos saquearam os armazéns da Companhia, derrubaram o governo local e expulsaram os jesuítas da região.

Para declarar a fidelidade ao rei de Portugal e levar as reivindicações dos colonos à metrópole, Tomás Beckman foi a Lisboa naquele mesmo ano. O seu irmão Manuel permaneceu em São Luís, ficando responsável pelo levante que durou um ano.

A Corte Portuguesa enviou um novo governador ao Maranhão, Gomes Freire de Andrade, para acabar com a revolta e restabelecer a ordem na região.

As autoridades retornaram aos seus cargos e os revoltosos foram presos e julgados. Por ter liderado o movimento, Manuel Beckman foi condenado à morte pela forca, assim como o outro líder chamado Jorge Sampaio; já o seu irmão, Tomás Beckman, foi expulso da sua terra.