História

Sabinada: o que foi essa revolta e quais foram as consequências

Quando Dom Pedro I abdicou do trono e foi para Portugal, Dom Pedro II, seu sucessor, tinha apenas cinco anos de idade e não pôde assumir o cargo.

Para que o trono não ficasse vago, foram instaurados os governos regenciais, onde juntas de nobres governavam o país. Esse período que compreende de 1831 até 1840 é conhecido como Período Regencial.

Durante essa época, a nobreza competia pelo poder, tentando tomar o trono, enquanto que a população sofria com a falta de governo, o que acarretou em revoltas por todo o país.

Entre elas: a Cabanagem, no estado do Pará; a Balaiada [1] no Maranhão e a Sabinada na Bahia.

Período Regencial

Durante o Período Regencial a coroa portuguesa escolhia lideranças até que o príncipe regente tivesse idade para assumir (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

O que foi a Sabinada?

A Bahia sempre esteve no foco das decisões políticas do país, com grande força. Quando a nobreza estava em disputa durante o Período Regencial [2], parte da população baiana sofria com a fome, doenças, entre outras coisas.

A Sabinada foi uma revolta que durou pouco mais de um ano (de 1837 a 1838), mas teve grande impacto na vida social da Bahia.

O começo da revolta se deu no meio das elites militares, dos jornalistas, médicos e alguns comerciantes, mas foi impulsionada, sobretudo, pelo apelo popular.

Esse impulso também foi dado graças aos negros malês que tinham se revoltado contra o governo centralizado do império e tentaram tomar Salvador, capital da Bahia, dois anos antes. Mas foram delatados e caíram em uma emboscada, perdendo toda a sua força.

O movimento também recebeu o apoio dos militares do forte militar vizinho, Fortaleza de São Pedro.

Com todo o apoio adquirido, os revoltosos conseguiram depor o governador regencial da Bahia, Francisco de Souza Paraíso.

Líderes da Sabinada

Sabinada

A Sabinada visava separar a Bahia do controle da coroa portuguesa (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

A sabinada, embora tenha tido apoio popular, foi pensada pela elite social de Salvador. Seus líderes estavam entre os grandes militares, que durante esse período do país exerciam uma grande função de opositores ao governo imperial, e também a elite civil.

Os líderes que organizaram e tomaram o poder na província da Bahia foram o jornalista e médico, Francisco Sabino e o advogado, João Carneiro da Silva.

A revolta também contou com outras lideranças como Francisco José da Rocha, Daniel Gomes de Freitas, João Rio Ferreira e Manoel Gomes Pereira, que após a repressão que sofreram na Sabinada, se juntaram a Revolução Farroupilha [3].

Motivos e consequências

A Bahia sofria com uma conjuntura política que prejudicava a sua população há muito tempo e foi palco de revoltas violentas antes da Sabinada, como a Conjuração Baiana [4], a Revolta dos Malês, e as lutas pela independência.

E por mais que cada uma tivesse a sua questão específica, todas esbarravam na insatisfação popular com as estruturas coloniais portuguesas.

A Sabinada foi uma revolta separatista de independência, ou seja, ela pedia a separação da Bahia durante o Período Regencial.

Só que no próprio movimento existia uma separação: alguns integrantes pediam a tomada total do poder, enquanto que outros queriam que a república baiana acontecesse até que Dom Pedro II pudesse tomar posse do trono, pois reconheciam o seu poder imperial.

Em 7 de novembro de 1837, os revoltosos tomaram a Câmara Municipal de Salvador com a justificativa da instauração de uma república baiana fora do comando do império.

A primeira investida foi de separação total, mas alguns dias depois, no dia 11 de novembro, foi declarado que isso duraria até o fim do Período Regencial apenas.

Uma das propostas da Sabinada era a libertação dos escravos nascidos no país que pegassem nas armas pela revolta.

A consequência dessa medida foi:

Fim da Sabinada

Quando a população escravizada não aderiu a revolta e uma camada poderosa comercial e latifundiária também não, a revolta começou a perder força, o que motivou o poder imperial a atacar.

Araújo Lima estava no comando do poder regencial nesse período e armou a repressão.
Salvador foi fechado por mar e por terra, ninguém entrava e nem saia de lá. A repressão usou de muita violência. A ofensiva militar durou apenas dois dias, do dia 13 ao 15 de março de 1838.

Os líderes foram presos e condenados a prisão perpetua, pena que foi revista depois. Sabino foi exilado para o Mato Grosso, ficando lá pelo resto da vida.

Curiosidade

A Sabinada levou esse nome graças ao seu líder e idealizador, Francisco Sabino.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • A Sabinada aconteceu na Bahia.
  • O movimento aconteceu no Período Regencial, de 1837 a 1838.
  • Os revoltosos desejam a separação da Bahia do governo imperial.
  • Seus idealizadores foram: médicos, militares, jornalistas e alguns comerciantes.
  • O principal líder da Sabinada foi Francisco Sabino.

Exercícios resolvidos

1- O que foi o Período Regencial?
R: O Período Regencial foi a fase em que o país se encontrava sem um governante fixo, uma vez que Dom Pedro I havia ido para Portugal e o príncipe regente ainda era menor de idade.
2- Qual é a origem do nome Revolta Sabinada?
R: Sabinada vem do sobrenome do principal líder da revolta, Francisco Sabino.
3- O que reivindicavam os revoltosos da Sabinada?
R: A independência da Bahia, separando-a do governo imperial.
4- Qual parcela da população estava na revolta?
R: A classe média importante da cidade de Salvador, como comerciantes e militares.
5- Como acabou a Sabinada?
R: O governador regencial do império comandou que fechassem o cerco via mar e terra de Salvador e que atacassem os revoltosos, em dois dias a revolta acabou e os lideres foram presos.

*Larissa Dutra é historiadora e professora, com formação pela UNESA do Rio de Janeiro.

Referências

» CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

» ANDRADE, Manuel Correia de oliveira. Movimentos populares no Nordeste no período regencial. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1989.