Por Prof. Nathália Duque em 17/01/2019 (atualização: 08/02/2019)

Provavelmente você já deve ter se questionado se o tomate é uma fruta, um legume ou uma verdura. Muitas pessoas ficam confusas ao usar esses termos e muita das vezes não conseguem diferenciar um do outro. E você, sabe a diferença de cada um deles?

A verdura é um termo popular utilizado para as hortaliças ou plantas folhosas, como por exemplo: chicória, alface, rúcula, agrião, acelga, espinafre, brócolis, couve flor, etc. Das verduras podemos comer as folhas, as flores e as hastes.

Legume é todo fruto salgado. Do legume podemos comer as raízes, os tubérculos, os frutos e o caule. Eles podem ser consumidos crus, cozidos, fritos, etc. Os legumes ainda podem ser organizados em alguns grupos:

  • Raízes: cebola, beterraba e mandioca;
  • Tubérculos: batata inglesa;
  • Cereais: milho e arroz;
  • Leguminosas: feijão, soja e ervilha;
  • Oleaginosas: amêndoas, nozes e castanha;
  • Frutos: abóbora, tomate, chuchu e pepino.
Frutos de tomate

O fruto tem origem somente do ovário da planta (Foto: depositphotos)

O tomate é um fruto e não uma fruta! Frutas não são legumes, mas frutos sim. Ficou confuso? Vamos ver as diferenças a seguir.

Tomate é fruto ou fruta?

Fruta é um nome popular para as partes doces e suculentas, que podem se originar das flores ou do ovário da planta. Já o fruto tem origem somente do ovário da planta, ou seja, ele é resultado do ovário desenvolvido após a fecundação, contendo em seu interior as sementes. No caso do tomate, ele é considerado um fruto.

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Tipos de frutos

Os frutos podem ser classificados em dois tipos: simples e compostos. Os frutos simples são os que se originam de um único ovário de uma só flor. Os frutos simples podem ser dos seguintes tipos:

Carnosos: são frutos suculentos ou fibrosos. São classificados em baga ou drupa.

  • Baga: são frutos com várias sementes, facilmente separáveis do fruto. Exemplos: tomate, uva, laranja, mamão, melancia, pimentão, abóbora e goiaba.
  • Drupa: são frutos com apenas uma semente, que se fundiu a parte interna do ovário, formando um caroço. Exemplos: ameixa, azeitona e pêssego.

Secos: são frutos não suculentos, ou seja, secos. Podem ser deiscentes ou indeiscentes.

  • Deiscentes: são frutos que abrem-se naturalmente quando maduros. Exemplo: nas vagens em geral e no carrapicho, conhecido como beiço de boi.
  • Indeiscentes: são frutos que não se abrem quando maduros. Exemplo: milho, fruto do girassol, tipuana e cabreúva.

Os frutos compostos são os que surgem a partir de duas situações:

  • A partir do desenvolvimento de vários ovários de uma só flor, sendo nesses casos chamados frutos agregados. Exemplo: morango, em que várias partes (aquênios) ficam agregados a uma parte carnosa derivada da flor;
  • A partir do desenvolvimento de ovários de muitas flores de uma inflorescência, que crescem juntos em uma única estrutura, sendo chamados de frutos múltiplos ou infrutescência. Exemplo: abacaxi.

Qual a função do fruto?

Além de nos alimentar, a principal função do fruto é proteger as sementes e preparar o solo, facilitando a germinação. Os frutos podem ser verdadeiros ou falsos (pseudofrutos).

Os verdadeiros são aqueles que se formam a partir do ovário da planta e os pseudofrutos são aqueles que se formam de outras partes da planta, como por exemplo, a maçã e o caju.

Pseudofrutos

Os pseudofrutos são estruturas suculentas que contêm reservas de nutrientes, mas que não se desenvolvem a partir do ovário. É o caso da maçã e da pera, em que a parte suculenta é proveniente do desenvolvimento do receptáculo da flor.

Outro exemplo de pseudofruto é o caju. A parte suculenta se origina de uma estrutura chamada pedúnculo floral. Na realidade, o fruto verdadeiro do caju é uma drupa e corresponde à estrutura que contém a semente comestível, conhecida como castanha-de-caju.

Em algumas classificações, todos os frutos compostos são considerados pseudofrutos.

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Dispersão dos frutos e sementes

Os frutos protegem as sementes e auxiliam em sua dispersão. Como vimos, o fruto corresponde ao ovário desenvolvido após a fecundação, contendo em seu interior as sementes. As sementes correspondem ao óvulo fecundado e desenvolvido.

A dispersão dos frutos e sementes pode ocorrer pelo vento (anemocoria), por meio de animais (zoocoria) ou pela água (hidrocoria). As espécies anemócoras apresentam sementes ou frutos leves, com pelos ou expansões aladas, facilitando seu transporte pelo vento.

Duas situações são comuns em espécies zoócoras: os frutos são atraentes, servindo de alimento para os  animais e as sementes são eliminadas com as fezes em outros locais. Os frutos também podem ser secos, mas apresentam formações que os prendem ao corpo de animais, possibilitando que sejam levados a grandes distâncias, caso dos carrapichos e picões.

As espécies hidrócoras produzem frutos ou sementes que retêm ar. Dessa forma, podem ser transportados flutuando na água, como ocorre com o coco-da-baía, que possui o interior fibroso, cheio de ar.

Tomate transgênico

Algumas pesquisas realizadas com tomate transgênico, ou seja, tomates geneticamente modificados, revelaram que eles contêm três vezes a quantidade normal de vitamina A e podem ajudar no combate ao câncer e doenças do coração.

A cada ano morrem de 1 a 2 milhões de crianças entre um e quatro anos de idade, mas esse número pode diminuir se for realizado um esquema melhor que “pílulas”.

O aumento da dose de betacaroteno, uma substância que se converte em vitamina A em nosso organismo, em alimentos é geralmente tido como mais eficiente do que o consumo da substância na forma de pílulas, pois outros nutrientes do alimento podem acelerar seus efeitos.

As modificações genéticas de tomates podem durar até quatro gerações, fazendo com que o acúmulo de betacaroteno seja disponível a longo prazo. Além de combater o câncer e doenças do coração, a vitamina A também está relacionada à prevenção de degeneração muscular, que pode levar à cegueira.

Os cientista dizem que se o benefício for comprovado, será bem-vindo, mas a preocupação é que algumas mudanças na constituição biológica e química podem levar à alteração de outros nutrientes do alimento que também são importantes para a saúde. Por isso, as pesquisas ainda estão em fase de testes para garantir que os tomates são seguros para o consumo do ser humano.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

PIENIZ, Simone et al. Avaliação in vitro do potencial antioxidante de frutas e hortaliças. Ciência e Agrotecnologia, v. 33, n. 2, p. 552-559, 2009.

MOTTA-JUNIOR, José Carlos; LOMBARDI, Julio Antonio. Ocorrência de zoocoria em florestas-de-galeria no Complexo do Cerrado, Brasil. Biotemas, v. 15, n. 1, p. 59-81, 2002.

PINTO, Fernando Naves. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO FRUTO, PSEUDOFRUTO E DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ACESSOS DE CAJUZINHO DO CERRADO (Anacardium HumileA. St. Hill). Hélio Patrick Silva Alves Edésio Fialho dos. 2010.