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Tubarão: Por que eles atacam pessoas em Recife (PE)?

Você já se perguntou por que tubarão ataca em Recife-PE? Na verdade, as investidas desse animal são possíveis de acontecer nas áreas litorâneas de todo o mundo, inclusive nas do Brasil.

E isso não é de agora, a Capital de Pernambuco, por exemplo, tem se tornado alvo desses predadores marinhos desde 1992.

Desde então foram registrados 65 casos de ataque de tubarão em Pernambuco, de acordo com o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (CEMIT). Sendo que, a maioria deles foi em Recife, na Praia de Boa Viagem, e em Jaboatão dos Guararapes, na Praia de Piedade.

Com tantos casos de grande repercussão, você pode se perguntar por que o tubarão ataca pessoas em Recife. Além disso, pode se questionar qual a espécie mais encontrada nessas áreas. Portanto, para eliminar essas dúvidas, o Estudo Kids preparou esse artigo.

Nesse texto você também fica por dentro dos números de vítimas dos casos de ataque de tubarão em Pernambuco. Outro ponto importante que esse artigo traz é aprender como evitar essas situações, seja em Boa Viagem, Porto de Galinhas, Piedade e outras praias do Brasil e do mundo. Então, prepare o fôlego para mergulhar nesse assunto com a gente.

Tubarão: Por que eles atacam pessoas em Recife (PE)?

O tubarão ataca as pessoas em Recife por diversas razões, entre elas estão: a construção do Porto de Suape, a topografia submarina da região, as mudanças climáticas, a poluição marinha e consequentemente a escassez dos animais que vivem no mar.

Os tubarões atacam pessoas em Recife -PE devido a interferência humana na vida marinha

A construção do Porto de Suape tem relação direta com os ataques (Foto: depositphotos)

Além dessas razões, os ataques podem ocorrer devido ao descumprimento das pessoas com relação as placas de segurança que alertam sobre o risco.

Já o aumento de banhistas e surfistas também é apontado como um suposto fator que contribui para o grande número de ataques nas praias pernambucanas.

Essas causas foram apontadas por especialistas de vários países após a realização de estudos.  E reunidas em um projeto desenvolvido pelo professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fábio Hazin.

O especialista em tubarão, em convênio com o Instinto de Pesquisa e Preservação Ambiental Oceanário de Pernambuco (IOPE), produziu a Pesquisa e Monitoramento de Tubarões na Costa do Estado de Pernambuco [1].

Construção do Porto de Suape

A construção do Porto de Suape, ao sul do Recife, foi apontada como principal responsável pelo aumento no número de ataques de tubarão por diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

Veja também: Tubarão-branco: conheça um pouco mais sobre esse animal [2]

Essa conclusão foi o resultado de um encontro promovido pelo Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE, chamado de I Shark Attack Workshop, em 1995.

Essa responsabilidade foi atribuída ao porto devido ao grave impacto ambiental causado na sua construção. Isso porque, a área em que o porto encontra-se era considerada “virgem” antes da edificação. Por isso, provavelmente era frequentada por fêmeas do tubarão cabeça-chata como área de parto.

De acordo com os especialistas, é comum que essa espécie de tubarão utilize-se de áreas estuarinas para parir. Em outras palavras, as fêmeas procuram ambientes aquáticos de transição entre um rio e o mar.

Contudo, com a construção do porto houve também uma degradação ambiental. Assim, um maior número de fêmeas de tubarão cabeça-chata passou a se deslocar para o estuário mais próximo, o do Rio Jaboatão. Localizado ao norte, esse estuário desemboca exatamente
nas praias da Região Metropolitana do Recife. Com isso, ficam mais próximos dos banhistas.

Uma outra informação que constata a interferência do porto é o grande número de ataques após a construção da unidade. Em 1947, o jovem de 25 anos Serafim de Oliveira, que estava prestes a ser consagrado como frade, foi atacado por um tubarão em Piedade. De lá até 1992 não houve nenhum registro de ataque. Só a partir desse ano que surgiram os 65 casos.

Interferência humana

Outra causa para os altos números de ataques é a interferência humana na natureza. Por exemplo, a poluição dos mares provocada por banhistas e empresas. Esse tipo de atitude provoca a diminuição de seres vivos, provocando um desequilíbrio ambiental.

Com a escassez desses animais marinhos, a cadeia alimentar fica desequilibrada. Consequentemente, os tubarões passam a se aproximar mais da linha da praia. Mas é possível perceber a interferência humana nas mudanças climáticas, que também são responsáveis por esse quadro de ataques.

Topografia submarina

Além disso, a topografia submarina da região propicia a aproximação dos tubarões. De acordo com Fábio Hazin, ela é caracterizada por um canal de 5 a 8 metros de profundidade adjacente à linha da praia.

“Um canal localizado paralelo à costa facilita a aproximação destes animais às praias urbanas mais utilizadas pela população do Estado de Pernambuco”, explica o CEMIT.  [3]

Estuário do Rio Jaboatão

Por fim, o estuário do Rio Jaboatão tem outra influência nos incidentes com tubarões. De acordo com Hazin, essa área recebia descarga de efluentes atrativos para esses animais, como sangue, vísceras, sebo e outros componentes orgânicos. Assim, acabavam sendo atraídos por esses elementos e ficando mais próximos das áreas frequentadas por humanos.

Veja também: Acidentes com águas-vivas [4]

Ataques de tubarão em Boa viagem

Boa viagem é o principal local de ataques de tubarão no Recife. Dentre os 65 casos registrados pelo CEMIT desde 1992, 24 foram nessa praia.

E apenas 13 pessoas sobreviveram após o incidente.  Além das placas alertando os banhistas dos possíveis riscos, no local há também guardas-vivas para evitar afogamentos e socorrer os que precisam.

É importante respeitar as placas de aviso de perigo de ataque de tubarão

Desde 1992 mais de 60 ataques de tubarão foram registrados nas praias pernambucanas (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Outros ataques de tubarão no Brasil

Além de Boa Viagem, outras partes do litoral pernambucano são alvos de ataques de tubarão. Exemplos disso são Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Goiana, Cabo de Santo Agostinho, Fernando de Noronha e Paulista.

Tipos de tubarão que mais atacam em Pernambuco

De acordo com o CEMIT, as espécies comprovadamente envolvidas em ataques por Pernambuco são: o tubarão tigre (Galeocerdo curvier) e o tubarão cabeça-chata (Carcharhinus leucas). E eles são considerados extremamente agressivos e oportunistas pelos especialistas.

Por essa razão, é comum que esses animais ataquem um alvo fácil. Isso acaba incluindo pessoas que estão se afogando ou surfistas com as pernas penduradas na prancha.

Sendo assim, aproveitam as vítimas mais fáceis, para evitar gasto de energia com presas maiores e mais resistentes. Além disso, outra característica comum desses animais é o excelente faro que possuem.

Veja também: O Dia da Limpeza na Praia [5]

Contudo, nenhuma das mais de 400 espécies de tubarão se alimentam de humanos. Além disso, nem todos os tubarões são uma ameaça para as pessoas. “Existem espécies (a maioria) que não oferecem risco de ataques a seres humanos, seja por não ser naturalmente agressiva, pelo porte do animal e/ou pela região em que habita”, explica o CEMIT.

Tubarão cabeça-chata

Esse tipo é o campeão de incidentes envolvendo os seres humanos no Recife. Podendo chegar até 4 metros de comprimento e pesar 300 quilos, essa espécie está presente em toda costa brasileira. Além disso, possui a habilidade de se adaptar as águas dos rios, por isso já foi encontrado na bacia Amazônica.

Entre os animais que fazem parte da dieta do tubarão cabeça-chata estão a tartaruga, peixes menores e arraias.

Tubarão tigre

Ainda maior que o anterior, o tubarão tigre pode ter até 6 metros de comprimento. Além disso, pode pesar 700 quilos. Já com relação ao seu habitat, é comumente encontrado na região Norte e Nordeste do Brasil. Entre os casos ocorridos em Recife, há comprovação de que o tubarão tigre tenha praticado alguns deles.

Vítimas de ataques de tubarão

Das 65 vítimas de ataques de tubarão em Pernambuco, a maioria sobreviveu. Enquanto 25 pessoas morreram devido aos ferimentos, 40 delas escaparam dos incidentes para contar suas histórias.

Os banhistas são as presas mais recorrentes dos tubarões

Para evitar o ataque, evite mergulhar em áreas profundas dessas praias (Foto: depositphotos)

Vale ressaltar que existem dois tipos de vítimas, os surfistas e os banhistas. Esses últimos são a maioria dos casos, 33 do total. Isso significa dizer que 32 surfistas foram vítimas dessa situação.

Entretanto, apesar de não serem a maioria, os atletas são os que mais correm o risco, por estarem em locais de maior profundidade.

Ao mesmo tempo em que são considerados o público mais propício de ser atacado pelos tubarões, são os que mais sobrevivem. Das 25 mortes constatadas pelo CEMIT, apenas 4 foram de surfistas.

Essa estática está atribuída ao fato de que eles possuem uma prancha para os auxiliarem, evitando que se afoguem ou que continuem alvos dos tubarões.

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Como evitar os ataques de tubarão?

Além de todas essas dicas, os especialistas afirmam que os ataques de tubarão só vão parar quando as pessoas se educarem. Como o oceano é o ambiente natural desses animais e os seres humanos são invasores, não há jeito melhor de prevenir os incidentes do que as pessoas respeitarem o mar.

Como já vimos, a culpa dos ataques de tubarão é da própria sociedade. Seja em Boa Viagem, no Recife, ou em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes.

O saldo de feridos e mortos desses incidentes é o reflexo da ação humana no meio ambiente. Por fim, vale ressaltar que os tubarões são essenciais para a vida marinha.