Por Prof. Nathália Duque em 28/04/2014 (atualização: 15/03/2019)

O olfato é um dos cinco sentidos e através deles conseguimos perceber e sentir o mundo à nossa volta. Todos os seres humanos normais têm a capacidade de identificar as coisas que os cercam através dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.

Por meio dos órgãos dos sentidos, os animais de modo geral, são capazes de se relacionar com os ambientes externos e internos do corpo.

Graças aos cinco sentidos, podemos ouvir uma música ou um ruído, saborear uma comida, contemplar as mais belas cores da natureza, sentir a textura dos objetos e distinguir os mais variados cheiros que existem.

A sensibilidade que permite identificar todas essas variações deve-se a múltipla variedade de neurônios presentes no cérebro, e cada um reage de uma forma diferente quando estimulado. Na percepção dos sentidos atuam neurônios receptores, condutores e transformadores.

Olfato

O sentido do olfato nos proporciona sentir o cheiro ou o odor das coisas. O cheiro da comida da sua mãe, do perfume do seu pai ou da chuva caindo sobre a terra, não importa, qualquer tipo de cheiro – seja ele agradável ou não – é sentido por nós graças ao olfato.

Menina cheirando flor

O olfato auxilia o sistema respiratório, nervoso e participa do processo de formação da voz (Foto: depositphotos)

Através dele os animais podem localizar alimentos, parceiros sexuais e predadores à distância. Em alguns invertebrados, como os insetos, os receptores olfativos estão espalhados pelo corpo e normalmente localizam-se nas antenas.

A função do nariz

Esse órgão desempenha várias funções: serve ao sistema respiratório e ao sistema nervoso (como órgão do sentido olfatório) e ainda participa do processo de formação da voz, funcionando como câmara de ressonância.

O principal órgão responsável por nos fazer sentir os cheiros existentes é o nariz. Na parte de cima das cavidades nasais se localiza uma região chamada epitélio olfatório, que é formada por células sensitivas, chamadas quimiorreceptoras, que tem como função decifrar as moléculas químicas dos odores para facilitar a nossa percepção.

A cavidade nasal realiza importantes atividades orgânicas, como aquecer, umedecer e limpar o ar inspirado. Tudo isso por meio do epitélio nasal (estrutura úmida e altamente vascularizada) que reveste a mucosa nasal.

Os pelinhos que nós temos no nariz são os cílios olfatórios, e eles fazem parte do epitélio olfatório. São nada mais que um prolongamento que está mergulhado em muco.

As moléculas odoríferas que ficam dispersas no ar acabam estimulando esses cílios, que vão fazer com que nós sejamos capazes de sentir até 10 mil cheiros diferentes. Os pelos nasais chamados vibrissas encarregam-se de filtrar micropartículas em suspensão no ar, que ficam retidas na mucosa até serem eliminadas do organismo.

Epitélio olfatório

Localizado na parte alta das duas cavidades nasais, abriga as células receptoras do olfato. Essas, por sua vez, contêm os pelos olfatórios, capazes de captar milhares de tipos de odor.

Os quimiorreceptores relacionados com o olfato situam-se no teto das cavidades nasais e constituem o epitélio olfatório. As substâncias químicas precisam estar dispersas no ar que entra pelas cavidades nasais para que possam pressionar os quimiorreceptores do olfato.

Receptores olfatórios

As sensações do olfato são captadas por células nervosas sensíveis a estímulos químicos, chamadas receptores olfatórios, localizados no interior da cavidade nasal.

Elas funcionam como terminações do nervo olfatório, que transmite os impulsos do olfato aos bulbos olfatórios do cérebro e estes retransmitem ao córtex cerebral, onde as sensações são interpretadas.

Os receptores olfatórios contêm em sua extremidade terminações nervosas capazes de responder aos menores estímulos de moléculas transportadas pelo ar que entram na cavidade nasal.

A relação do olfato com o paladar

Esses dois sentidos acabam possuindo uma relação muito próxima, onde um ajuda o outro. Você já percebeu que quando estamos gripados, a comida parece não ter gosto?

Isso acontece porque o sabor dos alimentos é sentido por nós através de uma mistura de gosto, textura e cheiro. Quando ficamos gripados o nosso sistema respiratório fica cheio de muco, o que nos impede de sentir qualquer cheiro, atrapalhando o paladar.

A capacidade de distinguir sabores e odores é resultado da integração funcional do cérebro com os órgãos do paladar, principalmente a língua, e do olfato, especialmente o nariz.

As sensações de ambos os sentidos, que por vezes atuam combinadamente – como durante as refeições- são transmitidas por receptores sensoriais sensíveis a estímulos químicos, localizados em partes da boca e do nariz. Devido ao trabalho conjunto, quando o olfato está obstruído, há dificuldade para perceber os sabores.

Caso o nosso sistema olfatório sofra algum tipo de dano, como através de um acidente tenha um traumatismo craniano, ou mesmo um simples resfriado, a percepção do sabor também pode ser afetada, pois vimos que um sentido se relaciona diretamente com o outro.

Contudo, as sensações básicas de amargo, doce, salgado e ácido, podem ser minimamente preservadas.

Existem pessoas que não conseguem sentir o cheiro de nada?

Assim como existem pessoas que perdem a visão ou a audição, ficando cegas ou surdas, também existem pessoas que podem perder o sentido do olfato. Assim, não conseguem mais distinguir o cheiro de absolutamente nada.

Essa perda total do olfato é chamada de anosmia, que atinge cerca de 1% da população mundial – um número bastante pequeno.

Porém, existem outras doenças mais comuns que estão ligadas com a perda parcial desse sentido, como por exemplo o mal de Parkinson, onde a pessoa sente muita dificuldade de distinguir o cheiro das coisas.

Sendo assim, o olfato pode ajudar no diagnóstico de doenças neurodegenerativas. O Parkinson é caracterizado por tremores, rigidez muscular e dificuldade em realizar os movimentos. Porém, a doença começa se manifestar quando o paciente apresenta dificuldades em sentir o cheiro e o sabor das coisas.

Odores primários

Algumas pesquisas apontam que existe sete odores primários: menta, cânfora, éter, almíscar, flores, podre e azedo.

Isso significa que para cada odor primário exista um receptor específico nas células da mucosa olfativa. Ao captarmos o cheiro de alguma coisa, o mesmo é levado através do nervo olfativo por impulso nervoso até o cérebro, onde a mensagem será codificada de acordo com o odor recebido e assim, distinguimos os cheiros. Mas é claro que esse processo é muito rápido.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

NETO, F. P. et al. Anormalidades sensoriais: olfato e paladar. Int Arch Otorhinolaryngol, v. 15, p. 350-8, 2011.

AJÚNIOR, Starzewski et al. Distúrbios do olfato. RBM ORL, v. 3, n. 3, p. 78-84, 2008.