A coloração dos animais [1] e seus diferentes padrões representam importantes atributos ecológicos que dão sustentação as populações em ambientes naturais.
Dentre os principais benefícios da coloração podemos citar a termorregulação e a fuga da predação. A coloração normalmente está associada com algum tipo de defesa natural.
No mimetismo, onde um ser vivo compartilha uma ou mais características com outro, havendo benefício para pelo menos um deles, é um exemplo de estratégia de sobrevivência utilizada por presas e predadores no meio ambiente [2].
Vários organismos estão envolvidos em casos de mimetismo, desde plantas a vertebrados, porém, é nos invertebrados que este fenômeno ocorre com maior frequência.
O que é mimetismo?
O mimetismo (do grego mimesis = imitação) ocorre quando os animais de uma espécie se assemelham aos de outra espécie venenosa, não palatável (de gosto ruim) ou perigosa para o predador.
Algumas borboletas [3] não têm gosto ruim, não eliminam substâncias irritantes nem são venenosas, mas apresentam a forma ou a cor daquelas que têm essas defesas.
É também o caso de insetos inofensivos que se assemelham a vespas que picam com o ferrão. Ou, ainda, de serpentes não peçonhentas, como a cobra coral [4] verdadeira.
Com esse artifício, o animal pode ser poupado, pois engana o predador que já teve experiências desagradáveis com o animal mimetizado e aprendeu a evitá-lo.
Mimetismo batesiano e mulleriano
A cobra coral falsa se assemelha à verdadeira para afugentar predadores (Foto: depositphotos)
Conforme os exemplos mencionados anteriormente, essa semelhança entre os animais acontece por meio de um processo evolutivo, em que um animal inofensivo, por mutação, passa a assemelhar-se a outro que provoca danos ao predador (chamado animal modelo), ganhando uma vantagem seletiva e aumentando, assim, de número na população.
Esse tipo de mimetismo é chamado mimetismo batesiano, em homenagem ao seu descobridor, o naturalista inglês Henry Bates (1825-1892).
Outro caso de mimetismo ocorre quando várias espécies, todas protegidas contra predadores por alguma defesa, como veneno ou gosto ruim, evoluem e passam a apresentar a mesma aparência.
Com isso, uma espécie é beneficiada pela experiência desagradável que o predador teve com outra espécie. Esse fenômeno foi descrito pelo zoólogo alemão Fritz Muller (1831-1897) e é chamado mimetismo mulleriano.
Mimetismo é o mesmo que camuflagem?
É comum as pessoas acharem que mimetismo é camuflagem são a mesma coisa. Mas são coisas distintas.
Camuflagem
Na camuflagem, o animal confunde-se, no aspecto ou na cor, com o ambiente em que vive, o que dificulta sua visualização pelo predador ou pela presa.
Para a presa, a camuflagem serve de defesa, pois a ajuda a se esconder do predador. Para o predador, serve para facilitar sua aproximação até que dê o ataque.
Os exemplos no reino animal são muitos:
- O urso polar, que se confunde com a neve.
- Os pássaros de cor verde, que se confundem com a vegetação.
Nos insetos, a camuflagem atinge alto grau de aperfeiçoamento e podemos ver impressionantes imitações de folhas, galhos de árvores, espinhos etc.
Mimetismo
No mimetismo, os animais de determinada espécie se parecem com animais de outra espécie venenosa, numa tentativa de enganar a presa ou o predador.
Sendo assim, o mimetismo nada mais é do que uma semelhança física ou comportamental, ou seja, é um mecanismo adotado por uma espécie que imita outra com finalidade de proteção contra seus respectivos predadores.
Ao invés de utilizar o método de camuflagem na tentativa de se esconder no ambiente para se salvar, as espécies miméticas exibem características de advertências que espécies verdadeiramente perigosas possuem.
Tipos e exemplos
- Mimetismo ofensivo ou de ataque: o predador é o mímico, ou seja, oferece risco para a presa. Exemplo: a Myrmarachne plataleoides é a fêmea de uma aranha que imita a estrutura do corpo e o comportamento de uma formiga popularmente conhecida como formiga vermelha;
- Mimetismo defensivo: a presa é a mímica, ou seja, engana seu predador. Exemplo: cobra coral falsa que imita o mesmo padrão de coloração da cobra coral verdadeira;
- Mimetismo reprodutivo: normalmente utilizado pelas plantas que imitam as fêmeas de diversos organismos com a finalidade de dispersar o pólen na tentativa de gerar interesse de acasalamento pelo macho da espécie. Exemplo: Orquídeas do gênero Ophrys possuem a forma do labelo semelhante ao corpo da fêmea de uma abelha e eliminam as mesmas substâncias químicas que atraem o macho zangão Hymenoptera para realizar uma
pseudo-cópula.
- Mimetismo e camuflagem são coisas diferentes.
- Mimetismo é um mecanismo adotado por uma espécie que imita outra com finalidade de proteção ou ataque.
- Camuflagem é quando o animal consegue se “misturar” ao ambiente e seu corpo consegue desaparecer visualmente.
- O mimetismo batesiano e o mulleriano são exemplos de mimetismo defensivo.
- Os três principais tipos de mimetismo são: ofensivo, defensivo e reprodutivo.
Exercícios resolvidos
*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Referências
» KLEIN, André Luis. Mimetismo e reconhecimento específico em borboletas do Sul do Brasil. 2015.