Ciências

Animais venenosos

A grande variedade e diversidade de animais é uma realidade de muitos países do planeta Terra [1]. Você sabia que existem cerca de 10 a 50 milhões de espécies animais no mundo inteiro? Cerca de 20% de todas essas espécies estão no Brasil.

Quando pensamos em animais vem logo a nossa mente um dócil cachorro, um gatinho, um pássaro, um peixe, ou seja, animais que fazem parte da nossa rotina e até mesmo do nosso lar. Contudo, existem muitos animais que devemos evitar, pois são considerados extremamente perigosos devido a produção de veneno.

O veneno é qualquer substância tóxica que tenha a capacidade de produzir alguma enfermidade, lesão, ferimento ou até mesmo a morte de outro ser vivo.

Sendo assim, podemos organizar esses animais perigosos em duas categorias: animais venenosos e animais peçonhentos. Vamos aprender a diferença de cada um deles a seguir.

Animais venenosos ou peçonhentos?

Taturana

Animais venenosos produzem veneno mas não possuem aparelho inoculador (Foto: Freepik)

Os animais venenosos são aqueles que produzem veneno e provocam envenenamento de modo passivo, ou seja, eles não possuem um aparelho ou estrutura específica para injetar o veneno na sua presa.

Sendo assim, eles não possuem um dente inoculador ou um ferrão, por exemplo. Nesses casos, o veneno é transmitido por três modos distintos: por contato (taturana), por ingestão (peixe baiacu) ou por compressão (anfíbios [2]).

Os animais peçonhentos são aqueles que possuem uma estrutura ou aparelho inoculador de veneno, como dentes, ferrões ou aguilhões. Nesse caso, o envenenamento da presa ocorre de modo ativo. É o caso das serpentes, aranhas, abelhas e escorpiões, por exemplo.

O veneno dos anfíbios

Sapo venenoso

O veneno de alguns sapos é secretado pela pele (Foto: Pixabay)

Uma grande variedade de substâncias ativas foi encontrada na pele de anfíbios. Algumas dessas substâncias são extremamente tóxicas.

Alcaloides cutâneos são abundantes e diversificados entre os sapos-veneno-de-flecha. A maioria desses animais tem cores vivas e se locomove na superfície do solo durante o dia, sem tentar se esconder.

Curiosidade! O nome “sapo-veneno-de-flecha” vem do uso das suas toxinas desse animal, pelos índios sul americanos, para envenenar a ponta dos dardos de zarabatana utilizados na caça.

O veneno da taturana

Taturana venenosa

O taturana envenena através do contato com a pele humana (Foto: Pixabay)

A taturana, taturana assassina ou lagarta Lonomia é um animais extremamente perigoso, muito comum na região sul do país. É frequentemente encontrada no tronco de árvores , camufladas, em épocas de chuva e calor.

O contato com a taturana pode ocasionar uma síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, incluindo complicações graves, como insuficiência renal aguda e até mesmo a morte.

O envenenamento pela taturana acontece através do contato com a pele humana através da pressão sobre suas cerdas. O tratamento é feito através de soro antilonômico produzido desde 1994 pelo Instituto Butantã, único produtor do medicamento em todo o mundo.

O veneno do baiacu

Baiacu

O veneno do baiacu é mais mortal que o cianeto (Foto: Freepik)

O baiacu é um dos vertebrados mais venenosos do mundo! Na realidade, algumas bactérias que vivem no interior desse peixe produzem uma neurotoxina que chega a ser 1000 vezes mais mortal que o cianeto.

O veneno de um único baiacu pode chegar a matar cerca de 30 pessoas. Ao ser envenenado pelo baiacu, a pessoa começa ter seus dedos e lábios dormentes. Em seguida, aparece fraqueza muscular, diarreia, vômitos e espasmos.

Algumas vítimas podem ter parada cardiorrespiratória e virem a falecer. Existem relatos de “zumbificação”, ou seja, as neurotoxinas paralisam as funções cerebrais, e a vítima parece um morto vivo.

Animais peçonhentos

Aranhas e escorpiões

Aranha viúva negra

Entre as espécies peçonhentas de aranhas se inclui a viúva negra (Foto: Freepik)

As principais espécies de aranhas perigosas para o ser humano pertencem a três gêneros: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. Aranhas [3] de espécies pertencentes a outros gêneros podem picar o ser humano mas, geralmente, a consequência é apenas uma forte dor local.

As espécies do gênero Phoneutria são conhecidas como aranhas armadeiras, pois, quando se sentem ameaçadas, apoiam-se nos dois pares de pernas traseiras, erguem o restante do corpo e “armam” o ataque. Elas são muito rápidas e ágeis, têm hábitos noturnos, não formam teias e o veneno delas tem ação neurotóxica e cardiotóxica. O tratamento do doente pode ser feito com soro específico.

As espécies do gênero Loxosceles são conhecidas como aranhas marrons, pois apresentam um colorido marrom uniforme. Elas têm hábitos noturnos e formam teias irregulares, construídas em locais escuros. O veneno dessas aranhas tem ação necrosante e hemolítica, e o tratamento do doente é feito com soro antiloxoscélico.

No gênero Latrodectus, são as fêmeas que podem ser perigosas para os humanos. Elas são chamadas viúvas negras. Têm hábitos noturnos e constroem teias irregulares. O veneno das viúvas negras tem ação neurotóxica e, como o número de acidentes por Latrodectus é muito pequeno no Brasil, não há produção de soro contra o veneno delas.

Os escorpiões são animais predadores, de hábitos noturnos. Os que podem causar perigo para o ser humano no Brasil são o Tityus bahiensis, ou escorpião marrom, e o Tityus serrulatus, ou escorpião [4] amarelo. O veneno tem ação neurotóxica. O tratamento do doente deve ser feito com soro antiescorpiônico.

Serpentes peçonhentas no Brasil

Jararaca

A jararaca é um espécie brasileira peçonhenta (Foto: Freepik)

É fundamental poder reconhecer as serpentes peçonhentas para prevenir acidentes e saber como agir se eles acontecerem. As serpentes peçonhentas [5] que ocorrem no Brasil pertencem a dois grupos: crotalíneos, responsável por 99% dos acidentes, e elapíneos, responsáveis por 1% dos acidentes.

Os crotalíneos peçonhentos podem pertencem a três gêneros distintos: Bothrops (jararacas), Crotalus (cascavel) e Lachesis (surucucu).

O veneno das serpentes do gênero Bothrops tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica; no gênero Crotalus, o veneno tem ação neurotóxica, coagulante e miotóxica; e no gênero Lachesis têm ação proteolítica, hemorrágica e neurotóxica.

As serpentes do grupo dos elapíneos são chamadas de corais [6] verdadeiras e pertencem principalmente ao gênero Micrucus. Em geral, apresentam anéis vermelhos no corpo, alternados com anéis de outras cores, como preto e amarelo.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • Animais venenosos produzem veneno e provocam envenenamento de modo passivo.
  • Animais peçonhentos possuem uma estrutura ou aparelho inoculador de veneno.
  • Envenenamento passivo acontece pelo toque ou ingestão.
  • São exemplos de animais venenosos: taturana e baiacu.
  • São exemplos de animais peçonhentos: cobra e escorpião.

Exercícios resolvidos

1- Todo animal venenoso é peçonhento?
R: Não, os animais venenosos envenenam de modo passivo, os peçonhentos além de produzirem veneno possuem algum aparelho inoculador.
2- Cite dois tipos de aparelho inoculadores de veneno.
R: Ferrões e aguilhões.
3- De que forma o baiacu envenena?
R: A partir da ingestão. Bactérias que vivem no interior desse peixe produzem uma neurotoxina extremamente tóxica.
4- Qual as reações do envenenamento da taturana?
R: Síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, incluindo complicações graves, como insuficiência renal aguda e até mesmo a morte.
5- Cite três cobras peçonhentas do Brasil.
R: Surucucu, jararaca e cobra coral.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

» AZEVEDO-MARQUES, Marisa M.; CUPO, Palmira; HERING, Sylvia Evelyn. Acidentes por animais peçonhentos: serpentes peçonhentas. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 36, n. 2/4, p. 480-489, 2003.