Por Prof. Nathália Duque em 16/07/2020

A grande variedade e diversidade de animais é uma realidade de muitos países do planeta Terra. Você sabia que existem cerca de 10 a 50 milhões de espécies animais no mundo inteiro? Cerca de 20% de todas essas espécies estão no Brasil.

Quando pensamos em animais vem logo a nossa mente um dócil cachorro, um gatinho, um pássaro, um peixe, ou seja, animais que fazem parte da nossa rotina e até mesmo do nosso lar. Contudo, existem muitos animais que devemos evitar, pois são considerados extremamente perigosos devido a produção de veneno.

O veneno é qualquer substância tóxica que tenha a capacidade de produzir alguma enfermidade, lesão, ferimento ou até mesmo a morte de outro ser vivo.

Sendo assim, podemos organizar esses animais perigosos em duas categorias: animais venenosos e animais peçonhentos. Vamos aprender a diferença de cada um deles a seguir.

Animais venenosos ou peçonhentos?

Taturana

Animais venenosos produzem veneno mas não possuem aparelho inoculador (Foto: Freepik)

Os animais venenosos são aqueles que produzem veneno e provocam envenenamento de modo passivo, ou seja, eles não possuem um aparelho ou estrutura específica para injetar o veneno na sua presa.

Sendo assim, eles não possuem um dente inoculador ou um ferrão, por exemplo. Nesses casos, o veneno é transmitido por três modos distintos: por contato (taturana), por ingestão (peixe baiacu) ou por compressão (anfíbios).

Os animais peçonhentos são aqueles que possuem uma estrutura ou aparelho inoculador de veneno, como dentes, ferrões ou aguilhões. Nesse caso, o envenenamento da presa ocorre de modo ativo. É o caso das serpentes, aranhas, abelhas e escorpiões, por exemplo.

O veneno dos anfíbios

Sapo venenoso

O veneno de alguns sapos é secretado pela pele (Foto: Pixabay)

Uma grande variedade de substâncias ativas foi encontrada na pele de anfíbios. Algumas dessas substâncias são extremamente tóxicas.

Alcaloides cutâneos são abundantes e diversificados entre os sapos-veneno-de-flecha. A maioria desses animais tem cores vivas e se locomove na superfície do solo durante o dia, sem tentar se esconder.

Curiosidade! O nome “sapo-veneno-de-flecha” vem do uso das suas toxinas desse animal, pelos índios sul americanos, para envenenar a ponta dos dardos de zarabatana utilizados na caça.

O veneno da taturana

Taturana venenosa

O taturana envenena através do contato com a pele humana (Foto: Pixabay)

A taturana, taturana assassina ou lagarta Lonomia é um animais extremamente perigoso, muito comum na região sul do país. É frequentemente encontrada no tronco de árvores , camufladas, em épocas de chuva e calor.

O contato com a taturana pode ocasionar uma síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, incluindo complicações graves, como insuficiência renal aguda e até mesmo a morte.

O envenenamento pela taturana acontece através do contato com a pele humana através da pressão sobre suas cerdas. O tratamento é feito através de soro antilonômico produzido desde 1994 pelo Instituto Butantã, único produtor do medicamento em todo o mundo.

O veneno do baiacu

Baiacu

O veneno do baiacu é mais mortal que o cianeto (Foto: Freepik)

O baiacu é um dos vertebrados mais venenosos do mundo! Na realidade, algumas bactérias que vivem no interior desse peixe produzem uma neurotoxina que chega a ser 1000 vezes mais mortal que o cianeto.

O veneno de um único baiacu pode chegar a matar cerca de 30 pessoas. Ao ser envenenado pelo baiacu, a pessoa começa ter seus dedos e lábios dormentes. Em seguida, aparece fraqueza muscular, diarreia, vômitos e espasmos.

Algumas vítimas podem ter parada cardiorrespiratória e virem a falecer. Existem relatos de “zumbificação”, ou seja, as neurotoxinas paralisam as funções cerebrais, e a vítima parece um morto vivo.

Animais peçonhentos

Aranhas e escorpiões

Aranha viúva negra

Entre as espécies peçonhentas de aranhas se inclui a viúva negra (Foto: Freepik)

As principais espécies de aranhas perigosas para o ser humano pertencem a três gêneros: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. Aranhas de espécies pertencentes a outros gêneros podem picar o ser humano mas, geralmente, a consequência é apenas uma forte dor local.

As espécies do gênero Phoneutria são conhecidas como aranhas armadeiras, pois, quando se sentem ameaçadas, apoiam-se nos dois pares de pernas traseiras, erguem o restante do corpo e “armam” o ataque. Elas são muito rápidas e ágeis, têm hábitos noturnos, não formam teias e o veneno delas tem ação neurotóxica e cardiotóxica. O tratamento do doente pode ser feito com soro específico.

As espécies do gênero Loxosceles são conhecidas como aranhas marrons, pois apresentam um colorido marrom uniforme. Elas têm hábitos noturnos e formam teias irregulares, construídas em locais escuros. O veneno dessas aranhas tem ação necrosante e hemolítica, e o tratamento do doente é feito com soro antiloxoscélico.

No gênero Latrodectus, são as fêmeas que podem ser perigosas para os humanos. Elas são chamadas viúvas negras. Têm hábitos noturnos e constroem teias irregulares. O veneno das viúvas negras tem ação neurotóxica e, como o número de acidentes por Latrodectus é muito pequeno no Brasil, não há produção de soro contra o veneno delas.

Os escorpiões são animais predadores, de hábitos noturnos. Os que podem causar perigo para o ser humano no Brasil são o Tityus bahiensis, ou escorpião marrom, e o Tityus serrulatus, ou escorpião amarelo. O veneno tem ação neurotóxica. O tratamento do doente deve ser feito com soro antiescorpiônico.

Serpentes peçonhentas no Brasil

Jararaca

A jararaca é um espécie brasileira peçonhenta (Foto: Freepik)

É fundamental poder reconhecer as serpentes peçonhentas para prevenir acidentes e saber como agir se eles acontecerem. As serpentes peçonhentas que ocorrem no Brasil pertencem a dois grupos: crotalíneos, responsável por 99% dos acidentes, e elapíneos, responsáveis por 1% dos acidentes.

Os crotalíneos peçonhentos podem pertencem a três gêneros distintos: Bothrops (jararacas), Crotalus (cascavel) e Lachesis (surucucu).

O veneno das serpentes do gênero Bothrops tem ação proteolítica, coagulante e hemorrágica; no gênero Crotalus, o veneno tem ação neurotóxica, coagulante e miotóxica; e no gênero Lachesis têm ação proteolítica, hemorrágica e neurotóxica.

As serpentes do grupo dos elapíneos são chamadas de corais verdadeiras e pertencem principalmente ao gênero Micrucus. Em geral, apresentam anéis vermelhos no corpo, alternados com anéis de outras cores, como preto e amarelo.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • Animais venenosos produzem veneno e provocam envenenamento de modo passivo.
  • Animais peçonhentos possuem uma estrutura ou aparelho inoculador de veneno.
  • Envenenamento passivo acontece pelo toque ou ingestão.
  • São exemplos de animais venenosos: taturana e baiacu.
  • São exemplos de animais peçonhentos: cobra e escorpião.

Exercícios resolvidos

1- Todo animal venenoso é peçonhento?
R: Não, os animais venenosos envenenam de modo passivo, os peçonhentos além de produzirem veneno possuem algum aparelho inoculador.
2- Cite dois tipos de aparelho inoculadores de veneno.
R: Ferrões e aguilhões.
3- De que forma o baiacu envenena?
R: A partir da ingestão. Bactérias que vivem no interior desse peixe produzem uma neurotoxina extremamente tóxica.
4- Qual as reações do envenenamento da taturana?
R: Síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, incluindo complicações graves, como insuficiência renal aguda e até mesmo a morte.
5- Cite três cobras peçonhentas do Brasil.
R: Surucucu, jararaca e cobra coral.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

» AZEVEDO-MARQUES, Marisa M.; CUPO, Palmira; HERING, Sylvia Evelyn. Acidentes por animais peçonhentos: serpentes peçonhentas. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 36, n. 2/4, p. 480-489, 2003.