Por Prof. Nathália Duque em 30/07/2014 (atualização: 19/06/2020)

Os seres vivos formam complexas teias de interações ecológicas. Essas interações podem ter um impacto positivo (ganho), um impacto negativo (perda) ou nenhum impacto (neutro) sobre as espécies.

Dentre as mais possíveis combinações de ganho, perda e neutralidade, torna-se possível a classificação de vários tipos de interação.

Algumas relações entre os seres vivos são do tipo interespecíficas, ou seja, quando ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes. E ainda podem positivas (harmônicas), quando nenhum dos indivíduos que se relacionam sofre prejuízo.

Búfalo e aves

A interação entre mamíferos e algumas aves é um exemplo de protocooperação (Foto: depositphotos)

Dentro desse contexto podemos citar o inquilinismo, o comensalismo, o mutualismo e a protocooperação, por exemplo. Falaremos a seguir mais especificamente sobre a protocooperação.

O que é protocooperação?

É um tipo de associação em que todas as espécies que vivem juntas se beneficiam. Mesmo vivendo em união, essas espécies têm condições de serem interdependentes, sendo assim, a união não é obrigatória.

Em muitos casos, indivíduos de espécies diferentes obtêm benefícios mútuos sem que haja dependência entre eles, ou seja, diferente do que ocorre no mutualismo obrigatório, os indivíduos podem sobreviver quando isolados.

Essa associação é chamada protocooperação, cooperação, ou ainda, mutualismo facultativo.

Alguns cientistas usam o termo mutualismo em sentido mais amplo, para qualquer associação em que os dois organismos sejam beneficiados.

Exemplos

Paguro e anêmona

O paguro (caranguejo também conhecido como bernardo-eremita) costuma viver dentro de conchas vazias, conseguindo proteção para o abdome longo e desprovido de carapaça.

Sobre a concha, ele coloca uma ou mais anêmonas, que, por terem células urticantes, afugentam possíveis predadores e lhe conferem uma proteção extra.

A anêmona beneficia-se porque tem seu campo de alimentação ampliado quando o paguro se locomove e leva a concha, e pode também se alimentar dos restos dos alimentos do paguro.

Aves e mamíferos

Certas aves alimentam-se de carrapatos e de outros parasitas que vivem no dorso de alguns mamíferos, como o boi, o búfalo, o rinoceronte, entre outros.

Para os pássaros, os carrapatos servem de alimento e, ao serem ingeridos pelos pássaros, livram esses mamíferos dos ectoparasitas. Além desse benefício, os gritos e os movimentos das aves indicam quando há algum perigo por perto.

Animais polinizadores e as plantas

Outro exemplo de protocooperação é o caso de insetos e pássaros polinizadores. Eles obtêm das plantas o néctar que lhes serve de alimento, ao mesmo tempo que transportam o pólen de uma flor para a outra, contribuindo involuntariamente para a polinização das plantas.

Diferença entre mutualismo e protocooperação

O mutualismo e a protocooperação são relações interespecíficas e harmônicas, porém, com pequenas diferenças.

Apesar do termo mutualismo ser utilizado em sentido amplo para qualquer associação em que os dois organismos de espécies diferentes sejam beneficiados, existe dois tipos de mutualismo: o mutualismo obrigatório e o mutualismo facultativo.

  • Mutualismo obrigatório (simbiose mutualística): as espécies envolvidas mantêm uma relação de dependência obrigatória, ou seja, não sobrevivem separadamente, pois caso isso ocorra, podem morrer.
  • Mutualismo facultativo (protocooperação ou cooperação): a dependência entre as espécies é menor, e nesse caso, as espécies sobrevivem normalmente quando isoladas.

Resumidamente, pode-se dizer que mutualismo e protocooperação são termos usados para interações que têm efeito positivo em ambas as populações.

De modo geral, no mutualismo a interação é obrigatória (pois muita das vezes não está especificado se trata-se de mutualismo facultativo ou obrigatório), contudo, quando usamos o termo cooperação, a relação entre os seres não é obrigatória. Essa é a principal diferença entre ambos.

Outros tipos de relações ecológicas

  • Colônias: nas colônias os indivíduos mantêm um relacionamento íntimo, normalmente unidos anatomicamente e não podem viver isolados.
  • Sociedade: na sociedade os indivíduos não possuem dependência física e a união gira em torno de um interesse comum.
  • Competição: os organismos competem entre si pelo espaço, pelo alimento, pela reprodução.
  • Canibalismo: ocorre quando um ser da mesma espécie mata o outro para se alimentar. Muito comum nos invertebrados.
  • Inquilinismo: quando uma espécie busca proteção e abrigo na outra, sem lhe prejudicar.
  • Comensalismo: ocorre em função do alimento, na qual uma das espécies se beneficia, apenas.
  • Amensalismo: é um tipo de competição, na qual uma espécie inibe o desenvolvimento da outra.
  • Predatismo: ocorre entre indivíduos de espécies diferentes, e um mata o outro para se alimentar.
  • Parasitismo: associação em que um indivíduo vive às custas do outro, lhe prejudicando.
  • Mimetismo: quando os animais de uma espécie se assemelham aos de outra espécie venenosa.
Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • A protocooperação é uma relação interespecífica e harmônica.
  • Protocooperação é um tipo de associação em que todas as espécies que vivem juntas se beneficiam, porém, essa união não é obrigatória.
  • Exemplos de protocooperação: a anêmona e o paguro, aves e mamíferos, polinizadores e as plantas.
  • Mutualismo e protocooperação apesar de muitas vezes serem usados como sinônimos, são relações diferentes.

Exercícios resolvidos

1- Que tipo de associação é a protocooperação?
R: É uma associação interespecífica e harmônica.
2- Cite um exemplo de protocooperação no ambiente aquático.
R: A relação entre a anêmona e o paguro.
3- Qual a principal diferença entre mutualismo e protocooperação?
R: No mutualismo a relação entre as espécies é obrigatória, já na protocooperação as espécies sobrevivem normalmente se forem separadas.
4- Cite dois tipos de relações interespecíficas.
R: Inquilinismo e protocooperação.
5- Explique o que é protocooperação.
R: É um tipo de associação em que todas as espécies que vivem juntas se beneficiam e a união não é obrigatória.

*Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências

» GUEDES, Maria Helena. Simbiose. Clube de Autores (managed).

» CAVALCANTE, Fernando Gouveia; MARTINS, Claudia Miranda; SILVEIRA, Suzana Cláudia. Interações bióticas entre actinobactérias e rizóbios em solos da região semiárida brasileira.